“Julia Andrade Ew: Programa da frente de Florianópolis precisa incluir o povo”.

Redação.

Em entrevista ao JTT Agora, a presidenta estadual da Unidade Popular pelo Socialismo, Julia Andrade Ew, destaca que esse tipo de união acontece apenas em Florianópolis, SC, e em Belém, no Pará. Segundo ela, a conjuntura atual de avanço de políticas fascistas, responsáveis pela morte de milhares de pessoas, o que ela considera uma chacina, características da atuação do Governo Federal, assim como Governo Estadual e Municipal, é o panorama de um momento que demonstra a necessidade de unidade contra o fascismo.

Ela considera que, enquanto Unidade Popular, a unidade da frente não deve ser apenas de cúpula, de direções partidárias, e sim junto ao povo. “Sem povo não existe unidade, não existe frente, não existe nada. Não é natural que a unidade dialogue com uma frente tão ampla, mas estamos fazendo esse esforço pois consideramos que é necessário”. Para Julia os resultados desta unidade e a possibilidade de ela ter continuidade estão ligados com a capacidade de a frente se manter conectada com os anseios e as necessidades objetivas da população que, segundo ela, é derrotar o atual governo. “No momento em que essa política antifascista, de derrubar esse governo que está matando nosso povo, for o centro dessa unidade é possível a gente continuar junto, no momento em que isso não for, fica mais difícil, não temos como responder pelos outros partidos”, destaca.

Sobre os movimentos sociais, a presidenta considera sua participação na Frente muito importante e comenta que ela se dá pela relação que os partidos têm com os movimentos. “Esse é o papel e a contribuição que entendemos que a UP pode dar até porque nosso partido está intrinsecamente ligado com várias das lutas objetivas da nossa cidade, da luta pela sobrevivência, pelo direito à água, da luta pela moradia, da luta das mulheres. A gente defende o contato com as massas populares”, comenta.

A Unidade Popular vem construindo duas pré-candidaturas a proporcional: da Julia Andrade Ew e do Mateus Menezes. Segundo Julia o partido está realizando, toda quinta-feira, as Quintas da UP, às 19h pelo Google Meet, encontros abertos à população e com a participação dos movimentos sociais para debater temas específicos. O link para participar pode ser solicitado nas redes sociais da Unidade Popular de SC. O primeiro encontro foi com a vice-presidenta nacional da Unidade Popular, Samara Martins, mulher negra trabalhadora da saúde, para debater a luta contra o fascismo. “Devemos tratar das questões particulares dos municípios, mas é uma eleição pra colocarmos grandes pautas da luta do nosso povo”.

O segundo encontro foi sobre políticas públicas para as mulheres, com a participação da coordenadora estadual do Movimento de Mulheres Olga Benário, debatendo sobre a necessidade de casas de acolhimento para mulheres que sofrem violência, além da ampliação no número de creches. O terceiro encontro foi sobre saúde mental, um tema que, segundo Julia, é negligenciado. “O suicídio é um dado epidemiológico, a depressão é uma das doenças que mais mata no mundo”, frisa. O encontro teve participação de uma psicóloga que trouxe à discussão a necessidade de uma rede de atenção à saúde mental. “Florianópolis poderia ter um CAPS III, a partir de 150 mil habitantes as cidades têm direito a esse centro para acolher no período noturno, e não temos, é uma luta histórica. O atendimento psicológico, no geral, é largado para o setor privado, inacessível, não temos uma clínica pública municipal”, destaca.

O quarto encontro foi sobre moradia, com participação do coordenador nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, discutindo sobre a função social da propriedade, que está prevista na Constituição Federal. “Existem mais de 30 mil prédios ociosos em Florianópolis e dizem que o déficit habitacional está em torno de 14 mil. Temos muito mais prédios vazios do que pessoas sem casa e esse problema de déficit não é resolvido porque a prefeitura não quer”, ressalta.

Na última quinta-feira, 23, o encontro foi sobre cultura popular e juventude com a participação da MC Moa, da Batalha das Minas, e do Magé, do grupo de capoeira Africanamente. “Quem trabalha com cultura tem que ter uma jornada dupla porque não existe uma política, de fato, para empregabilidade para cultura. Os artistas são tão importantes, a arte é o que possibilita que continuemos vivos, ligados afetivamente, e os trabalhadores da cultura não tem nenhum tipo de política pública reservada para eles”, completa Julia.

Ela ainda destaca que de cada encontro se forma um Grupo de Trabalho, coordenado por um militante da Unidade Popular. O GT elabora propostas que serão defendidas na Frente de Esquerda. O tema desta semana, amanhã, dia 30, é saúde pública com a participação de um professor da UFSC. Julia ainda comenta que a UP defende, junto à Frente, despejo zero, políticas para as mulheres, passe livre para estudantes e desempregados e é contra as privatizações. “Quanto mais setores de esquerda se juntarem para essas pautas verdadeiramente populares, que tem a ver com a massa que constrói Florianópolis, não com a Florianópolis de Jurerê, da Beira Mar, mas com a Florianópolis do Continente, do Monte Cristo, dos morros, essa Florianópolis que deve ser o centro das políticas de uma frente popular, de uma frente antifascista, porque só o povo derruba o fascismo, não é acordo parlamentar que derruba o fascismo”, finaliza.

Assista a entrevista completa:

Assista ao debate com as pré-candidaturas da Frente de Esquerda de Florianópolis realizado pelo Portal Desacato no dia 11 de julho.