O julgamento sobre a extradição para os Estados Unidos do fundador do Wikileaks, Julian Assange, foi suspenso nesta quinta-feira (10) pela Justiça do Reino Unido.
As audiências foram interrompidas a pedido de Edward Fitzgerald QC, um dos advogados de Assange, que afirmou no tribunal que está com sintomas de covid-19.
A juíza do caso, Vanessa Baraister, considerou que há risco para os presentes e decidiu prorrogar o andamento do processo para a próxima segunda-feira (14). “Devido à incerteza da situação, a audiência está suspensa”, disse.
O julgamento do ativista foi retomado na última segunda-feira (7), depois de já ter sido suspenso em fevereiro, também em razão da pandemia de coronavírus. Desde o reinício, Assange tem assistido a todo o processo no tribunal, protegido por uma barreira de vidro.
O caso
Julian Assange tornou públicos diversos crimes de guerra cometidos pelo Exército norte-americano nas invasões ao Iraque e ao Afeganistão. Por isso, pode responder por espionagem e conspiração nos EUA. Ao todo, são 18 acusações, que podem render uma pena de 175 anos ao jornalista. Autoridades americanas teriam dado garantias verbais ao Reino Unido de que Assange não corre risco de ser condenado à pena de morte, nos EUA.
Juristas consideram remota a possibilidade de absolvição de Assange na Corte estadunidense. Por conta disso, o julgamento no Reino Unido passa a ser fundamental.
Para a defesa de Assange, liderada pelo espanhol Baltazar Garzon, o que está sendo julgado não é o exercício da espionagem, mas a liberdade de imprensa. O jornalista australiano fundou, em 2006, o WikiLeaks, site que ficou conhecido mundialmente em 2010, quando publicou uma série de provas vazadas por Chelsea Manning, analista de inteligência do Exército dos EUA. À época, o conjunto de imagens e documentos escancarou atrocidades cometidas pelos estadunidenses durante as invasões no Iraque e no Afeganistão.
Histórico
Desde 2012, Assange se abrigava, na condição de asilado político, na embaixada do Equador em Londres. Porém, em 11 de abril de 2019, o presidente equatoriano Lenín Moreno surpreendeu o mundo ao revogar o benefício e entregar o australiano às forças policiais britânicas.
Assange procurou a embaixada equatoriana após a Suécia pedir sua extradição em 2012. O jornalista era acusado de ter cometido um estupro no país nórdico. A acusação foi retirada pelo governo sueco em 2017, mas o australiano, com receio de ser enviado aos EUA, se manteve no consulado.
Edição: Rodrigo Durão Coelho.
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