Jornalista está sendo processado por denunciar torturas feitas pelo ex-militar Mario Espedito Ostrovski

O jornalista Aluízio Palmar está sendo processado por ter noticiado torturas ocorridas em 1969, no então 1º Batalhão de Fronteiras, localizado em Foz do Iguaçu, Paraná.

O autor do processo é o ex-tenente Mario Espedito Ostrovski, que é citado como torturador no livro Brasil Nunca Mais – BNM e no Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade.

As primeiras notícias sobre as torturas praticadas por Ostrovski, ocorreram em 1985, quando veio a público o relatório do projeto BNM, coordenado pelo Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, pelo Rabino Henry Sobel e pelo Pastor presbiteriano Jaime Wright.

Na época, a Nação ficou chocada ao tomar conhecimento dos casos de torturas praticados pelos agentes da ditadura militar. Um dos casos que mais impactou a opinião pública, foi o de Isabel Fávero, uma jovem professora de escola rural no interior do Paraná.

Conta Isabel, que após sua prisão em 1969, ela e seu marido foram levados para o quartel do Exército, em Foz do Iguaçu e no local, o então tenente Espedito lhe aplicou choques elétricos nos mamilos, genitália e nas extremidades do corpo. Estava grávida de dois meses e devido às torturas, sofreu um aborto. A jovem professora revelou ainda que após o aborto, sangrou durante dias, sem possibilidade de fazer qualquer tipo de higiene.

Além de constar nas páginas 136 e 137 do Tomo II Vol. 1, da Pesquisa BNM, as denúncias das torturas praticadas por Ostrovski estão registradas no Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade.

Em 2013, as denúncias de torturas infligidas a presos políticos pelo tenente Espedito Ostrovski, voltaram à tona, quando Izabel Fávero, Aluízio Palmar, Ana Beatriz Fortes e Alberto Fávero relataram as sevícias a que foram vítimas no batalhão do exército em Foz do Iguaçu.

Essas denúncias, feitas durante uma Audiência Pública da Comissão Nacional da Verdade, realizada no plenário da Câmara Municipal, tiveram ampla repercussão. Na ocasião, populares realizaram uma manifestação em frente ao escritório de Espedito.

Torturas praticadas pelo ex-tenente Mário Espedito Ostroviski
Cronograma das denúncias

1985 – Projeto Brasil Nunca Mais – informações nas páginas. 136 e 137 do Tomo II Vol. 1. Depoimento contundente de Luiz Andrea Fávero.

1985 – O jornal Correio de Notícias, de Curitiba, publicou na capa notícia que o governador José Richa exonerou da chefia da Assessoria de Segurança e Informações da Copel, devido as denúncias de torturas cometidas pelo ex-tenente.

2005 – Livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?, autor Aluízio Palmar, Editora Alameda, páginas 36, 66, 68,74, 206 e 261.

2013 – Audiência Pública da Comissão Nacional da Verdade. Depoimentos de Aluízio Palmar, Isabel Fávero, Ana Beatriz Fortes e Alberto Fávero.

2013 – Ampla repercussão do vídeo com depoimento de Isabel Fávero, onde ela conta as torturas sofridas e denuncia Mário Espedito Ostrovski como torturador. Esse vídeo está hospedado no youtube

2013 – Notícias das torturas no batalhão do Exército em Foz do Iguaçu: Site da Secretaria de Estado da Justiça – Paraná; Portal G1; Portal H2Foz; Site do Fórum Paranaense da Verdade Memória e Justiça

2015 – Relatório da Comissão Nacional da Verdade

Além de seu nome consta na lista de torturadores, Mário Espedito Ostrovski é citado nas páginas 638, 766 e 914.

Ass: Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu

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