A escolha dos países membros dos BRICS não é coincidência

Jornadas_09_Cartaz_2013_EDiretor da Área de Saúde da Universidade Andina Simón Bolívar acredita que os grandes eventos são vitrines para investidores e alerta sobre a indissociabilidade entre o biológico e o social

Nesta semana, o portal Desacato.info irá cobrir e desenvolver conteúdos exclusivos sobre as Jornadas Bolivarianas 2013, cujo tema é “Mega Eventos Esportivos: impactos, consequências e legados para o continente latino-americano”. O evento começou hoje e segue até sexta-feira (12). Confira a seguir o primeiro texto:

Por Gustavo Siqueira para Desacato.info

A 9ª edição das Jornadas Bolivarianas iniciou na noite desta terça-feira (9), com o conferencista equatoriano James Breilh, professor da Universidad Andina Simón Bolívar (UASB). Antes do professor assumir o microfone, um vídeo retrospectivo das edições anteriores foi exibido, seguido pela apresentação do Quarteto do Campeche.

Breilh apresentou seu argumento sob o título “La negación del deporte como lógica de la vida y la salud – Mega-espectáculos: cara visible y contradictoria del carácter predatoria y malsano del deporte-negocio”. O professor criticou o que chamou de lógica de muerte do sistema internacional contra a saúde. Para ele, o consumismo e as leis de mercado restringem o desenvolvimento de políticas que deveriam ser tomadas como prioritárias pelos governos em relação ao esporte. Estas políticas estão embasadas nos 4S: Sustentável, Saudável, Soberano e Solidário.

O equatoriano afirmou ainda que a escolha dos países membros dos BRICS – Pequim/China (2008) como sede das olimpíadas; África do Sul (2010) como sede da Copa do Mundo; e Brasil como sede de ambas – não é coincidência. As decisões foram tomadas com vistas ao terreno propício ao investimento do bloco. Os megaeventos esportivos têm como objetivo primeiro serem vitrines para grandes investidores e atletas de países subdesenvolvidos e não tendo em vista o bem estar social, proveniente do fomento ao esporte no país sede, o que demandaria uma reestruturação da prioridade do Estado no assunto.

Por fim, Breilh apresentou um conceito de indissociabilidade do biológico e o social, segundo o qual o bem estar do corpo deve ser resultado de políticas de bem estar social. Para tanto, o esporte como lógica de vida ou como elemento emancipador são respostas mais justas em oposição aos enormes investimentos públicos no que tocam os megaeventos esportivos.

Confira o material produzido pelo Desacato acerca da última edição das Jornadas Bolivarianas: http://desacato.info/2012/04/acompanhe-a-cobertura/

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