Acontece hoje (31), em 13 províncias do departamento de Cajamarca, no Peru, a Jornada Nacional de Luta contra o projeto mineiro Conga. A manifestação consistirá em uma marcha pelas ruas do departamento com o objetivo de pedir que se declare a inviabilidade do projeto mineiro de exploração de ouro e cobre. A expectativa é reunir cerca de cinco mil pessoas e paralisar todas as atividades produtivas da região.
Em Lima, as manifestações já tiveram início ontem (30), com uma caminhada da Praça Dois de Maio até a Praça San Martin. A ação pacífica foi protagonizada por integrantes de organizações sociais, ativistas de meio ambiente e artistas.
Aos poucos, na manhã de hoje, a manifestação foi tomando corpo. Cerca de 300 moradores do departamento de La Libertad, integrantes da Frente de Defesa e Desenvolvimento de La Libertad (Fredell), chegaram a Cajamarca para se unir à Jornada de Luta e respaldar as demandas das 38 comunidades cajamarquinas contra o projeto da empresa Yanacocha. Antes, os membros da Fredell fizeram parada nas lagoas El Perol e Chica para entregar mantimentos e remédios para os guardiões que as estão protegendo das ações danosas da Yanacocha.
Outros manifestantes devem organizar em Trujillo, capital de La Libertad, mais uma mobilização. O foco será exigir o fim definitivo das concessões mineiras nas cabeceiras de bacias, além de pedir auditoria meio-ambiental nas minas.
A iniciativa nacional está sendo apoiada e terá a participação de diversas organizações sociais como a Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep), lideranças indígenas que fazem parte do Pacto de Unidade, a Confederação Nacional de Comunidades Afetadas pela Mineração (Conacami), a Confederação Nacional Agrária (CNA), a Organização Nacional de Mulheres Indígenas Amazônicas e Andinas (Onamiap), as organizações que integram o Comitê de Defesa da Água de Iquitos, entre outras, além da população de Cajamarca.
O pai do presidente Ollanta Humala, Isaac Humala, também foi convidado a abraçar a causa e participar da Jornada. De acordo com informações do presidente da Frente de Defesa Ambiental de Cajamarca, Wilfredo Saavedra, a presença do pai do presidente foi confirmada. Isaac ainda vai se reunir com representantes de organizações ambientais, que lhe mostrarão as razões para dizer não à Conga.
Segundo informações do periódico Peru 21, o clima na região já é de tensão. Na madrugada de hoje três bombas tipo coquetel Molotov foram encontradas no aeroporto, que agora está fechado e com todos os vôos cancelados.
Contexto
As manifestações contra Conga vêm desde 2010, mas foi no ano passado que se intensificaram. Em novembro de 2011, a população de Cajamarca iniciou uma greve geral que durou várias semanas e parou o comércio, o transporte público e até o aeroporto. Depois disto, as atividades da mineradora foram suspensas.
Desde o início deste ano, o presidente Humala vem se esforçando para que a população aceite o projeto, no entanto, a postura de negação à Conga vem sendo assegurada desde o início. As Frentes de Defesa de Cajamarca garantem que vão seguir lutando até que o presidente declare Conga inviável.
A recusa ao projeto de exploração de ouro e cobre se deve, sobretudo, aos intensos impactos ambientais que serão provocados na região. O principal é o desaparecimento de quatro lagoas naturais que abastecem a região. Além de prejudicar o abastecimento de água para as casas, vai prejudicar as principais atividades econômicas da região, que são a agricultura e a criação de gado.
* Jornalista de Adital.
Fonte: Adital