Por Plínio Teodoro.
O jogador Celsinho, do Londrina, foi alvo de ataques racistas pela terceira vez em menos de dois meses em jogos da Série B do campeonato brasileiro.
Durante a partida contra o Brusque, na cidade catarinense neste sábado (28), Celsinho diz ter sido chamado de “macaco” por um integrante da comissão do clube adversário.
Na súmula do jogo, o árbitro Fábio Augusto Santos Sá Junior confirmou o ato racista que teria sido desferido por Júlio Antônio Petermann.
Em nota, no entanto, o Brusque nega o ato racista e diz que o jogador do Londrina “é conhecido por se envolver neste tipo de episódio”.
“O atleta, por sua vez, é conhecido por se envolver neste tipo de episódio. Esta é pelo menos a 3a vez, somente este ano, que alega ter sido alvo de racismo, caracterizando verdadeira “perseguição” ao mesmo. Importante esclarecer que, ao árbitro, o atleta não relatou ter sido chamado de “macaco”, mas sim que teriam dito “vai cortar esse cabelo de cachopa de abelha”, o que constou da súmula e revela a total contradição nos seus relatos”, diz a nota, que ressalta que “jamais permitiríamos qualquer atitude de conotação racista em nosso Clube”.
A principal patrocinadora do Brusque FC é a rede de lojas Havan, cujo dono é Luciano Hang, um dos principais empresários apoiadores de Jair Bolsonaro.
No dia 17 de julho, Celsinho foi alvo de ataques racistas do comentarista Vinícius Silva e do narrador Romes Xavier, da Rádio Bandeirantes, durante transmissão do empate sem gols contra o Goiás. A dupla pediu desculpas nas redes sociais e foi afastada da emissora.
Menos de uma semana depois, contra o Remo, o narrador Cláudio Guimarães, da Rádio Clube do Pará, afirmou que Celsinho “vai com seu cabelo meio ninho de cupim para bater na bola”. Guimarães foi afastado pela emissora e também pediu desculpas pelo comentário.
O Londrina até o momento não se pronunciou sobre o caso.
Veja o vídeo da entrevista com Celsinho e, logo abaixo, a íntegra da nota do Brusque
Comunicado Oficial
O atleta Celso Honorato Júnior, reserva do Londrina E.C., relatou à imprensa que teria sido chamado de “macaco” por membros da Diretoria do Brusque F.C., durante o jogo realizado ontem (28/08).
O Brusque F.C., sua torcida, diretoria, comissão técnica e patrocinadores sempre foram, ao longo da sua história, absolutamente respeitosos com relação a todos os princípios que regem as relações desportivas e humanas. Jamais permitiríamos qualquer atitude de conotação racista em nosso Clube, que condena veementemente qualquer pensamento ou prática nesse sentido.
O atleta, por sua vez, é conhecido por se envolver neste tipo de episódio. Esta é pelo menos a 3a vez, somente este ano, que alega ter sido alvo de racismo, caracterizando verdadeira “perseguição” ao mesmo. Importante esclarecer que, ao árbitro, o atleta não relatou ter sido chamado de “macaco”, mas sim que teriam dito “vai cortar esse cabelo de cachopa de abelha”, o que constou da súmula e revela a total contradição nos seus relatos.
O Brusque F.C. reitera que nenhum de seus diretores praticou qualquer ato de racismo e tomará todas as medidas cabíveis para a responsabilização do atleta pela falsa imputação de um crime. Racismo é algo grave e não pode ser tratado como um artificio esportivo, nem, tampouco, com oportunismo.
A Diretoria.
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