Por Fernando Brito.
Janio de Freitas, em sua coluna de hoje na Folha, levanta uma hipótese mais apavorante do que a de termos Michel Temer na presidência por um golpe parlamentar.
A de termos Eduardo Cunha como presidente, por um desdobramento do mesmo golpe parlamentar, com a manutenção, em banho-maria, da ordem do Supremo para que se analise o impedimento do vice peemedebista, por motivos iguais aos que se invoca para derrubar a presidenta: atos orçamentários iguais, aos quais apôs sua assinatura, no exercício interino do cargo.
“Na contramão das interpretações unânimes, a esperteza de Cunha por certo percebeu que a comissão anti-Temer, além de não atrapalhar o impeachment da presidente, pode resultar no presente definitivo para suas ambições. Se Dilma cai, uns poucos empurrões bastam para fazer Temer acompanhá-la. O vice assinou, no exercício da Presidência, quatro créditos suplementares nas mesmas condições dos utilizados para a acusação a Dilma. E se os dois são afastados, a faixa presidencial tem destinação definida: ornamentará a “barriga de prosperidade” que Eduardo Cunha já ostenta, com a dupla autorização brasileira e suíça.”
A quebra da normalidade política, sob a bandeira da moralidade, vai revelando cenários cada vez mais pavorosos.
Se não acordarmos deste pesadelo, ele vai piorar até o impensável.
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Fonte: Tijolaço.