Por Raquel Wandelli, Jornalistas Livres.
A ação criminal movida na sexta-feira (24/8) pelo procurador do MPF/SC, Marco Aurélio Dutra Aydos, contra o novo reitor da UFSC, Ubaldo César Balthazar e seu chefe de gabinete, Áureo Moraes, está nas mãos da juiza federal Janaína Cassol, que autorizou a prisão abusiva de Luiz Cancellier. O cárater vicioso do processo e o seu encaminhamento a uma juíza que deveria sofrer suspeição foi denunciado no início da noite em ato político realizado no Hall da Reitoria em defesa da universidade, convocado pelo Coletivo Floripa Contra o Estado de Exceção e Sintufsc UFSC.
Além dos militantes, professores, estudantes e servidores, participaram do protesto o reitor Balthazar, o chefe de gabinete e os dois candidatos a senador pelo PT, desembargador aposentado Lédio Rosa e a ex-ministra Ideli Salvatti. Lédio e a candidata a deputada federal Elenira Vilela se revezaram ao microfone falando sobre como o projeto privatizante está por trás dos ataques às instituições universitárias e a perseguição de professores. Também esteva presente o irmão do reitor suicidado, o matemático Acioli Cancellier de Olivo, que carregou um cartaz com os dizeres: “Não ao abuso de poder”. A NSC (ex-RBS), concessionária da Globo em Santa Catarina, informou hoje que o processo foi parar na jurisdição de Cassol por sorteio, mas quem conhece o histórico das perseguições à UFSC desde a prisão de Cancellier não acredita em tamanha coincidência.
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Janaína Cassol é a juíza federal que autorizou a prisão do reitor Cancellier em presídio de segurança máxima, onde foi acorrentado nos pés e algemados nas mãos e humilhado nu na frente de outros presos. A prisão preventiva foi solicitada pela colega Érika Marena, então superintendente da Polícia Federal em Santa Catarina e coordenadora da desastrosa Operação Ouvidos Moucos. O reitor foi submetido a essa medida extrema sem antecedentes criminais, sem processo constituído e sem direito à defesa ou à presunção de inocência. Cassol e Macarena se basearam apenas em intrigas e suposições sem provas do ex-corregedor da UFSC, Rodolfo Hickel do Prado, sobre a suspeita de tentativa de interdição das investigações.
Se aceitar a denúncia e não se declarar suspeita, Janaína vai julgar o reitor Ubaldo Balthazar e o chefe de gabinete Áureo Moraes, criminalizados pelo procurador por “ferir a honra funcional” da delegada Érika Marena. Ambas estão por trás de todas as decisões contra a universidade e de perseguição aos críticos da Ouvidos Moucos. As novas vítimas do corporativismo e dos abusos de poder da Lava-Jato catarinense foram acusadas de injúria contra a delegada por não terem censurado e impedido uma manifestação pacífica da comunidade universitária contra as arbitrariedades e violações dos direitos jurídicos que levaram Cancellier ao suicídio.
O centro das intimidações é uma faixa com o título “As faces do poder” e o rosto dos agentes de exceção envolvidos nos abusos de poder, que foi levada por manifestantes em cerimônia oficial de comemoração ao 57° aniversário da UFSC, em 18 de dezembro. Hoje, o advogado dos dirigentes incriminados, Roberto de Oliveira Cardoso, entrou no TRF com habeas corpus para sustar a denúncia, alegando a nulidade da acusação por se tratar de respeito do direito à manifestação política no ambiente universitário.
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