Enquanto choramos a morte do bebê kaingang Vitor, assassinado brutalmente em Imbituba, no estado de Santa Catarina, no dia 30 de dezembro, degolado enquanto era amamentado por sua mãe, o ano de 2016 também começa pesado para os indígenas de Mato Grosso do Sul.
Um bebê de 1 ano de idade faleceu hoje, em Kurussu Ambá, tekoha perto de Coronel Sapucaia, a 420 km da capital, Jadson Batista Lopes era filho de Denis Lopes e Adersiria Batista.
Segundo informações de uma das lideranças de Kurussu Amba, a SESAI (Secretária Especial de Saúde Indígena) foi acionada às 5 horas da manhã, mas como não houve o atendimento necessário, Jadson veio a óbito às 07:50 da manhã.
Kurussu Ambá tem um histórico de mortes de crianças devido à desnutrição infantil e omissão do Poder público no que se refere a atendimento médico. Em 2007, um bebê de um mês e meio de vida também faleceu na beira da estrada tendo como causa à fome, nesse mesmo ano a comunidade foi expulsa do seu território tradicional por jagunços e fazendeiros, era Aliandra Pereira Ximenes.
Na terceira retomada, um menino de 05 anos, o pequeno Tierbet Bairros, também veio a óbito por causa de desnutrição, no dia 20 de maio de 2008.
No dia 17 de julho de 2009, outra criança, Neline Pereira Benites, recém- nascida, com um mês de vida, também parte.
No ano de 2010, Taquirará Batista, de 2 anos. Ela estava doente e foi lhe negada o atendimento médico da FUNASA.
A comunidade de Kurussu Ambá registrou um boletim de ocorrência para denunciar o descaso e negligência da administração pública em deixar Jadson sem atendimento médico, tendo como consequência a sua morte.
Como bem disse Eliane Brum, em seu artigo no El País:
“Vitor já não estraga nenhum cartão postal. Dele não há nem mesmo um rosto. A foto de sua ausência não comoverá milhões pelo planeta como aconteceu com o menino sírio trazido pelas ondas do mar. A morte dos curumins não muda nenhuma política”.
Não muda….a morte dos curumins só aumenta as estatísticas, curumins viram números, não tem rostos, não são relevantes para virar notícia, nem fato político, são invisíveis, na nossa sociedade boçal.