Governo israelense quer que ANP retire as solicitações de admissão a tratados internacionais entregues à ONU
O governo de Israel decidiu cancelar a libertação de mais prisioneiros até que a Palestina retire as solicitações de admissão a convênios internacionais que foram entregues à ONU, segundo informou nesta quinta-feira (03/04) a negociadora e ministra da Justiça israelense, Tzipi Livni.
De acordo com um porta-voz de Livni, Israel estava se preparando para finalizar um acordo para libertar os presos quando o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, assinou 15 solicitações para aderir a convênios internacionais. Abbas informou que a documentação era uma resposta à falha de Israel em libertar o quarto contingente de prisioneiros, como havia prometido.
A decisão israelense foi comunicada ontem ao negociador palestino Saeb Erekat na reunião de emergência entre ambos os lados realizada em Jerusalém. Livni disse que a libertação dos prisioneiros estava condicionada à Palestina não realizar movimentos unilaterais e, agora, “novas condições foram estabelecidas e Israel não pode soltar os presos”.
A reunião, que acabou em uma “batalha diplomática”, segundo descreveram meios de comunicação israelenses e palestinos, foi acompanhada pelo mediador norte-americano Martin Indyk, com o objetivo de evitar o colapso do processo negociador iniciado em julho de 2013.
Israel havia prometido libertar 104 prisioneiros palestinos em quatro contingentes e, em troca, o governo de Abbas não buscaria aderir a nenhum organismo da ONU até abril deste ano. Entretanto, no último fim de semana, o governo israelense se recusou a soltar os últimos 26 presos. Em resposta, a ANP assinou os papéis para fazer parte de tratados internacionais como a Quarta Convenção de Genebra de 1949 e a Convenção de Viena de Relações Diplomáticas.
Novas condições
Enquanto isso, a Palestina anunciou novas condições para dar continuidade ao processo de paz com Israel. A lista, que foi apresentada ao Comitê Executivo do Fatah na tarde de hoje e divulgada à imprensa pouco depois, inclui até oito condições.
Segundo o documento, os palestinos exigirão a Israel um “compromisso escrito” do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, no qual reconheça as fronteiras de 1967, uma velha reivindicação à qual até agora Israel sempre recusou atender.
Simpatizantes do movimento Fatah, da Palestina, seguram fotos do líder Yasser Arafat em manifestação de apoio a Mahmoud Abbas
Também exigem a libertação de 1.200 presos, entre eles o ex-secretário do Fatah na Cisjordânia, Marwan Barghouti, que cumpre cinco prisões perpétuas, e Ahmed Saadat e Fouad Shubaki, da FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina), condenados pelo assassinato de um ministro israelense.
Além disso, os palestinos querem o final do bloqueio israelense a Gaza e o acesso de produtos à Faixa, assim como a suspensão da construção de assentamentos em Jerusalém Oriental. Na quinta cláusula do documento, a Palestina pede ainda que o exército israelense cesse suas atividades nas zonas A da Cisjordânia, que estão sob controle da ANP desde 1994, a fim de realizar “detenções ou assassinatos”. No sexto item, a exigência é o controle das zonas C, sob jurisdição israelense.
Por fim, o pedido é para que um grupo de milicianos que se refugiaram na Basílica da Natividade em 2002 e foram deportados a países europeus retornem à Cisjordânia e para que seja efetuada a reabertura de várias agências palestinas de desenvolvimento que Israel fechou nos últimos anos.
Fotos: Wikicommons e Agência Efe
Fonte: Opera Mundi