Irmão de Geddel chama de “sacanagem” operação da PF em mensagem a Jucá

Por Fábio Góis.

Irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que está preso depois de esconder malas com mais R$ 51 milhões em um apartamento, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) manifestou solidariedade ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a respeito da ação da Polícia Federal que teve como alvos familiares do senador. Em mensagem de celular, Geddel classifica como “sacanagem” as operações de busca e apreensão que, no âmbito da Operação Anel de Giges, procuram apurar a atuação de uma organização criminosa acusada de peculato, lavagem de dinheiro e desvios de verbas públicas em Roraima.

O apoio foi prestado a Jucá com linguagem típica de mensagens de celular. “Essa sacanagem é em função do caso de Aécio, para inibir o Senado, são indignos, não tenho poder em ajudar em nada, mas ao menos quero retribuir o carinho paternal que você tem dedicado a mim e sou grato! Qualquer coisa estarei em Brasília direto! Abraços e dá um beijo na minha amiga Tereza!”, escreveu Lúcio Vieira Lima, em mensagem de WhatsApp, referindo-se à prefeita de Boa Vista e ex-mulher de Jucá, Teresa Surita.

Como já havia expressado verbalmente ao chegar ao Senado nesta quinta-feira (28), Jucá respondeu ao colega dizendo que a ação da PF não o intimidará. “Valeu, amigo. Obrigado. Está tudo bem. Não ten… [ilegível]. Não vou me intimidar. Abraços”, devolveu o senador, como se vê no registro do fotojornalista Lula Marques (foto acima).

Em nota sobre a ação da PF (leia íntegra do texto abaixo), o senador Jucá resolveu acusar a juíza que a determinou. “Recebo essa agressão a mim e a minha família como uma retaliação  de uma juíza federal, que, por abuso de autoridade, já responde a processo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tornarei público  todos os documentos que demonstrarão a inépcia da operação de hoje”, reclamou o peemedebista.

“Quadrilhão”

Jucá e Geddel Vieira Lima constam de denúncias de corrupção apresentadas pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot na reta final de seu mandato à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ambos representam, segundo o procurador, organizações criminosas em ação nas respectivas Casa legislativas, Senado e Câmara – antes de integrar a equipe de ministros mais próximos de Temer, também foi denunciado por corrupção, obstrução à Justiça e organização criminosa, Geddel também foi deputado pelo PMDB da Bahia.

Já Lúcio Vieira Lima, em que pesem os contextos partidários e familiar com o irmão, não consta da denúncia referente ao chamado “quadrilhão do PMDB”. Mas o irmão do ex-ministro também tem pendências judiciais: segundo levantamento periódico e exclusivo do Congresso em Foco junto aos dados do Supremo Tribunal Federal (STF), ele é investigado no inquérito 4437, por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. De acordo com a delação da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato, o deputado recebeu R$ 1 milhão da empreiteira para ajudar aprovar legislação de interesse do grupo no Congresso.

Leia a nota de Jucá sobre as operações da PF:

Repudio mais um espalhafatoso capítulo de um desmando que se desenrola nos últimos anos, desta vez contra minha família. Como pai de família carrego uma justa indignação com os métodos e a falta de razoabilidade. Como senador da República, que respeita o equilíbrio entre os poderes e o sagrado direito de defesa, me obrigo a, novamente, alertar sobre os excessos e midiatização.

Não tememos investigação. Nem eu nem qualquer pessoa da minha família. Investigações contra mim já duram mais de 14 anos e não exibiram sequer uma franja de prova. Todos os meus sigilos, bancário, fiscal e contábil já foram quebrados e nenhuma prova. Só conjecturas.

Em junho de 2016, foi pedida a prisão de um presidente de um poder, de um ex-presidente da República e de um Senador com base em conjecturas. Em setembro agora, por absoluta inconsistência jurídica, o inquérito foi arquivado. Desproporcional e constrangedor, esse episódio poderia ter sido evitado. Bem como poderia ter sido evitado o de hoje. Bastava às autoridades pedirem os documentos anexados que comprovam que não há nenhum crime cometido.

Recebo essa agressão a mim e a minha família como uma retaliação  de uma juíza federal, que, por abuso de autoridade, já responde a processo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tornarei público  todos os documentos que demonstrarão a inépcia da operação de hoje.

Fonte: Congresso em Foco

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