Investigada no Chile cumplicidade midiática a golpe contra Allende

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O dono do império midiático chileno Mercurio Media Center, Agustín Edwards, declarou perante um juiz em processo contra todos os autores do golpe de Estado de 1973, informou hoje uma fonte judicial.

A causa foi apresentada em 14 de dezembro do ano passado por organizações defensoras dos direitos humanos, que esperam que se castigue todos os que instigaram o golpe e os delitos que implicou.

Segundo confirmou hoje o próprio juiz encarregado do caso, Mario Carroza, Edwards se apresentou a declarar ontem em companhia de seu advogado Miguel Schweitzer, um dos defensores do ditador Augusto Pinochet em vários processos legais.

O juiz Carroza investiga uma operação da outrora Direção de Inteligência Nacional (DINA) destinada a aniquilar mais de cem opositores à ditadura Pinochet.

Questionou o papel que jogaram os jornais sob controle de Edwards tanto durante a derrocada do governo da Unidade Popular liderado por Salvador Allende, como depois, em seus relatórios sobre supostas brigas internas entre grupos de esquerda que a justiça mais tarde demonstrou que não eram reais.

O vespertino La Segunda, parte do holding El Mercurio, publicou “Exterminados como ratos” uma notícia referente a uma suposta briga que custou a vida de 119 integrantes do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR) na Argentina, e que na verdade foram executados pela DINA em 1975.

A campanha de comunicação para encobrir os fatos, denominada Operação Colombo, é parte da Operação Côndor, a grande caça a integrantes da esquerda por parte dos serviços de inteligência das ditaduras em países sul-americanos.

O processo contra o golpe de Estado foi apresentado pelo advogado Eduardo Contreras, em nome dos grupos de executados políticos, presos e desaparecidos.

“Este é um fato inédito na história do Chile, é um ato necessário, é um ato de justiça elementar, nenhum advogado pode estar tranquilo com sua consciência se não inicia as ações penais que correspondem e a petição dos familiares das vítimas”, comentou Contreras à Prensa Latina na abertura da causa.

A demanda tem como objetivo esclarecer as causas do golpe militar, “porque o golpe em si é um delito, porque teve insurgência, teve rebelião, há delitos julgados pelo código de justiça militar; há crimes penais pelos quais devem responder não só os militares, mas também os civis responsáveis e autores do golpe”, exclamou.

“Eu tenho confiança nos tribunais chilenos, há uma experiência desde 1998, acho que os delitos serão investigados, que vai ter processo e espero que condenações”, explicou o juiz, envolvido com várias causas contra o falecido ditador Augusto Pinochet e outros militares.

Fonte: Diário Liberdade – Prensa Latina

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