Rapper diz que identificação foi instantânea e momento foi batizado com a expressão Sãopalestina. Encontro inusitado colocou frente a frente duas pessoas que não falam a mesma língua, mas cantam o mesmo drama
Por Jorge Américo.*
Um encontro inusitado colocou frente a frente duas pessoas que não falam a mesma língua, mas vivem o mesmo drama. Para ser mais preciso, cantam o mesmo drama. A periferia paulistana foi o palco que aproximou o Brasil e a Palestina por meio de uma das expressões culturais mais radicalizadas, o Hip Hop. (Confira a música abaixo)
José Francisco Neto, o Netão do grupo Influência Positiva, da cidade de Cotia (SP), narra o contexto em que conheceu Mohammed Antar, morador da Faixa de Gaza. Ele lembra que a identificação foi instantânea e o momento foi batizado com a expressão Sãopalestina.
“A nossa afinidade foi através da nossa música das Mães de Maio que fala sobre o genocídio, as chacinas cometidas nas periferias. Essa letra foi traduzida e ele rapidamente concluiu: ‘eles estão falando em São Paulo a mesma coisa que eu canto na Palestina, essa violência do Estado opressor contra a população pobre e periférica.’”
Netão ressalta que a passagem de Mohammed Antar pelo Brasil se deu entre o final de 2013 e o começo deste ano, por meio do projeto cultural “Intercâmbio Rapoético Brasil-Palestina”.
“O Hip Hop não é só uma união nacional, mas tem que ser uma união internacional também. Nossas ideias são universais porque a população pobre que sofre aqui no nosso país é a mesma população que é oprimida em outros países, outros continentes. Enquanto o Estado produz guerra, a gente produz a arte, o Hip Hop, como forma de resistência.”
Do encontro entre Netão e Mohammed Antar nasceu a música “Nossa Faixa de Gaza”. A composição foi gravada em estúdio e pode ser baixada gratuitamente pela internet (http://palcomp3.com/influenciapositiva/nossa-faixa-de-gaza-part-antar-pr…).
Fonte: Brasil de Fato.