Comunicado foi assinado por nomes como Slavoj Zizek e Chantal Mouffé; presa durante manifestação em janeiro, Milagro Sala é também deputada do Parlasul.
Um grupo de cerca de 50 acadêmicos da Europa e dos Estados Unidos divulgou nesta semana um comunicado conjunto que pede a libertação de Milagro Sala, líder comunitária e deputada argentina do Parlasul (Parlamento do Mercosul), detida há cerca de dois meses no país.
“Nós, os que abaixo assinamos — acadêmicos britânicos, europeus e norte-americanos —, estamos preocupados com a detenção arbitrária de Milagro Sala por parte do governo argentino”, diz o comunicado, que pede a “libertação imediata” da ativista. O grupo de acadêmicos estrangeiros faz ainda um apelo para que o governo do presidente da Argentina, Mauricio Macri, “não criminalize o protesto social e garanta o procedimento constitucional, legal e transparente”.
Sala foi detida em 16 de janeiro, em San Salvador de Jujuy, capital da província de Jujuy, no noroeste do país, enquanto participava de uma manifestação contra o governador Geraldo Morales, acusada de “instigação ao crime e à desordem”. Duas semanas depois, o juiz Gastón Mercau a liberou da acusação, mas voltou a prendê-la por suposta associação ilícita e fraude administrativa de recursos públicos destinados à construção de moradias pelo grupo Tupac Amaru, do qual é líder.
Na semana passada, a Procuradoria de Violência Institucional, órgão do Ministério Público argentino, determinou que Sala se encontra ilegalmente detida.
“A detenção de Milagro Sala tem motivação política, [ela] foi inicialmente detida por protestar pacificamente, mas logo foi acusada de crimes adicionais, os quais servem para mantê-la na prisão”, segue a nota. Entre os signatários estão Slavoj Zizek (filósofo esloveno), Chantal Mouffé (cientista política belga), Bruno Bosteels (crítico literário belga), Étienne Balibar (filósofo francês) e Giacomo Marramao (filósofo italiano).
Nesta última quinta-feira (31/03), foi constituído, na Câmara dos Deputados da Argentina, o Comitê de Apoio à Liberdade de Milagro Sala. Durante a cerimônia de abertura, o grupo afirmou que Sala, que sofreu um “sequestro”, é a “primeira presa política” do governo Macri. O Comitê recebeu mais de 500 adesões da Argentina e do exterior, como acadêmicos, juristas, associações da sociedade civil e sindicatos.
“Quase 33 anos depois da recuperação da democracia, temos em nosso país uma pessoa detida sem processo. Deve nos envergonhar ter precisado formar um comitê para a liberdade de uma argentina”, declarou Mara Brawer, ex-deputada argentina e líder da Secretaria da Mulher do PJ (Partido Justicialista) da capital Buenos Aires.
Foto: Reprodução/Opera Mundi
Fonte: Opera Mundi