Não dorme, fica de tocaia, a espreita, aguardando um vacilo para atacar.
Ele é perspicaz, paciente, não têm escrúpulos, receios ou medo.
Matar, ferir, ameaçar e destruir são práticas corriqueiras, compõem o ofício durante o dia e à noite.
Ele não sente remorsos, compaixão ou piedade, detêm o desejo de abater.
Ele não se converte, não ouve preces, rezas e não deseja o perdão.
Ele quer a vítima adormecida, conformada, acomodada, amedrontada ou acovardada.
Conhecer o inimigo – saber quem é, o que faz, com quem anda e o que pretende – é o indicativo para combatê-lo.
Mas as vítimas não cessam, assassinar indígena tornou-se rotina, assim como virou rotina o silêncio estarrecedor das autoridades e dos políticos.
Os povos originários, as comunidades tradicionais e outros segmentos da população pobre, embora não saibam, estão inseridas e abandonadas dentro de uma guerra covarde e sangrenta.
Porto Alegre, 05 de setembro de 2022.
Por Roberto Liebgott, Cimi Sul – Equipe POA.
Enquanto a população mantém-se dispersa pela alienação, pelo conformismo, pelo medo e até por causa da fome; enquanto políticos e autoridades pensam em suas benesses e eleições e reeleições o inimigo – fazendeiros, madeireiros, garimpeiros, grileiros, empresários do agronegócio e alguns outros que governam o país – avança, destrói e mata. No primeiro final de semana de setembro três indígenas, isso do que se noticiou, foram assassinados por milicianos e pistoleiros.
Até quando?
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