São Paulo – Crianças e jovens do Projeto Guri, o maior programa sociocultural do Brasil, vão apresentar, ao lado do músico e percussionista Naná Vasconcelos, um espetáculo sobre as influências de África na cultura brasileira, no dia 13, em São Paulo. O grupo procura apoios para levar a apresentação também a Portugal, com o nome “Calungá – o mar que separa é o mar que nos une”.
O espetáculo musical e cénico, de voz e percussão, e feito por 36 artistas entre os 8 e os 19 anos.
O exibição, que foi montada em três meses e já encenada duas vezes no interior do estado, aborda ritmos brasileiros criados a partir da cultura dos escravos levados para o país pelo colonizador português, como samba, maracatu e jongo, além de poesias e um cenário formado por projeções de vídeo que remetem para a influência africana.
O ponto de partida foi um álbum gravado em 1982 pelos cantores brasileiros Clementina de Jesus, Tia Doca e Geraldo Filme, chamado “Cantos dos Escravos”, e baseado nos cânticos no dialeto bantu, entoados pelos escravos que trabalhavam nas mineiras em Minas Gerais.
Após o Brasil, o grupo pretende apresentar-se em Portugal, mas ainda procura um parceiro ou um patrocínio para a viagem, segundo o Projeto Guri.
“Portugal também é um dos alicerces culturais para o Brasil, e teve a responsabilidade de trazer os escravos para cá; de trazer essa cultura negra que tanto nos influencia”, afirmou à Lusa Chico Santana, diretor artístico do Projeto Guri e diretor do Espetáculo Calungá.
Santana realça a importância do mar no espetáculo (calungá significa mar em bantu), e afirma que os participantes, que possuem entre 8 e 19 anos, foram levados para uma praia para se inspirarem. Eles também receberam explicações sobre a história dos escravos no Brasil.
Naná Vasconcelos, artista convidado e co-diretor, afirma que é importante que os cantores e percussionistas tenham consciência de que o espetáculo é baseado em algo que realmente aconteceu no Brasil e nas antigas colónias portuguesas em África.
Fonte: http://www.portalangop.co.ao/
“Muitas coisas que saíram de partes diferentes de África se encontraram no Brasil pela primeira vez. Como a capoeira de Angola e o berimbau de Moçambique. Aqui se juntaram e fizeram a espinha dorsal da nossa cultura”, disse Vasconcelos.