Por Claudia Weinman, para Desacato. Info.
O título desta matéria, remete a uma das frases repetidas durante a mobilização que ocorreu na quarta-feira, dia 06 de janeiro, em Chapecó-SC. O ato foi em memória ao menino kaingang, Vitor Pinto, assassinado há uma semana na rodoviária de Imbituba-SC. A avenida principal de Chapecó foi ocupada por aproximadamente 600 pessoas que pediram justiça para o caso.
Segundo informações repassadas por um dos representantes do Conselho Indigenista Missionário, (CIMI), Jacson Santana, fortes denúncias movimentaram toda a mobilização. “Em vários depoimentos feitos no dia de hoje, os indígenas questionaram os ‘poderes’ que atuam com um tipo de postura quando tentam incriminar os indígenas e com outro tipo quando é para resolver um caso sério como este. A justiça tem sido lenta, demorada com a questão dos povos”, salientou.
Após uma hora e meia de mobilização em Chapecó, o ato foi encerrado. Os indígenas seguem mobilizados. “Este assunto não pode permanecer centralizado neste ato. Todos\as estão vivenciando dias de forte comoção, mas precisamos que a justiça aconteça. Este caso não pode ‘esfriar’, por isso permanecemos atentos”, completou Santana.
Em nota, o CIMI também se manifestou a respeito da mobilização:
“Hoje (6) à tarde, cerca de 600 pessoas, entre indígenas dos povos Guarani Mbyá e Kaingang e não-indígenas, participaram de atos em protesto pela morte do menino Kaingang Vítor Pinto, de dois anos, assassinado há uma semana na rodoviária de Imbituba (SC) enquanto era alimentado no colo de sua mãe.
Em Imbituba, o ato ocorreu em frente à própria rodoviária e teve a participação de aproximadamente 100 pessoas, que utilizaram lenços vermelhos no pescoço em referência ao local onde a criança foi esfaqueada. Em seguida, os manifestantes dirigiram-se à delegacia da Polícia Civil, que fica logo atrás do local onde o crime ocorreu, para cobrar esclarecimentos sobre a investigação da morte da criança.
Depois de aguardarem por algum tempo, o delegado compareceu à frente da delegacia e afirmou aos manifestantes que o suspeito detido no dia 31 de dezembro não confessou o crime. Como a mãe da criança também não reconheceu o suspeito, a investigação segue e ele pode permanecer preso temporariamente até o dia 31 de janeiro. No local onde o crime aconteceu, os indígenas fizeram uma inscrição no chão, com os dizeres: ‘Vítor Kaingang, você vive em nós'”.
Fotos: Jacson Santana.