Indígenas do Panamá são contra projeto hidrelétrico

Por Elaine Tavares. Representantes do Movimento Indígena 22 de Setembro, da comarca de Ngäbe Buglé, Panamá, estiveram na Assembleia Nacional em conversa com o presidente do legislativo, Rubén De León. Os indígenas, que são contra a obra do projeto Barro Blanco, uma hidrelétrica que está sendo construída no distrito de Tolé, província de Chiriquí, entregaram um documento no qual discutem os perigos da obra e exigem o cancelamento do projeto. 

A construção da hidrelétrica de Barro Blanco foi aprovada no ano de 2006 e desde aí vem sendo bastante questionada pelos ambientalistas e principalmente pelas comunidades que são atingidas pela obra. Muitos foram os protestos, até porque nenhuma comunidade foi consultada, e as mobilizações massivas chegaram a gerar uma grave crise no país nos anos entre 2010 e 2012.

Ainda assim, a construção foi adiante, começando em 2011, sempre  envolta em mobilizações. Tanto que em 2012 o governo do Panamá resolveu estabelecer uma mesa de diálogo que, ao final não deu em nada, visto que os indígenas seguem denunciando situações de violência e violação dos direitos humanos.

O projeto impacta diretamente pelo menos três comunidades, Quebrada Caña, Kiad e Nuevo Palomar, mas também se espraia para comunidades vizinhas. Os indígenas denunciam que o rio, o qual usam para a pesca de subsistência, vai sumir, acabando não só com o peixe, mas também com a água potável. Igualmente desaparecem os bosques de onde tiram madeira para suas casas e onde caçam os animais que garantem a vida. Além disso, com a hidrelétrica desaparecem sítios de veneração os quais contém pinturas históricas e sagradas dos povos originários.

Eles também incluíram no debate com o presidente da Assembleia que seja garantido o direito de eleições plenas dos seus governantes nos espaços autônomos das comunidades, bem como a indenização das pessoas que foram lesadas e golpeadas durantes os governos anteriores (de 2010 a 2014). 

A conversa com De León foi considerada positiva pela cacica da área Kodriri, Clementina Pérez, uma vez que o presidente da Assembleia prometeu que vai fazer todos os esforços para que sejam garantidos os direitos dos povos indígenas bem como a preservação da “terra Santa”. 

Apesar das promessas a obra segue, mesmo com várias sanções recebidas pela empresa construtora que não tem cumprido os acordos com o governo de indenização e realocação das famílias atingidas pela obra. 

Com informações de jornais do Panamá.

Foto: Reprodução/IELA

Fonte: IELA

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