Por Taiza Brito.
A abstenção nas eleições para o Parlamento da Catalunha alcançou cifra histórica. No pleito deste domingo (14) com restrições de segurança em meio à pandemia, apenas 53,4% dos 5.368.881 eleitores aptos a votar foram às urnas, o número mais baixo de participação desde 1980. Com isso, houve empate em número de cadeiras entre Esquerda Repúblicana (ERC), encabeçada por Pere Aragonès, e o Partido Socialista (PSC) com Salvador Illa. Em terceiro ficou Laura Borràs, de Junts, com 32 assentos.
Com a conquista de 9 cadeiras pela CUP, com Dolors Sabater, os partidos independentistas (ERC e Junts) somam 74 assentos e obtém a maioria absoluta no Parlamento. Somados os votos destas formações, pela primeira vez as siglas partidárias da independência ultrapassam 50% dos votos. Por outro lado, o partido Vox, de extrema direita, entra pela primeira vez no legislativo catalão, e com força, elegendo 11 deputados, deixando atrás Cidadãos (6) e o Partido popular (PP), com 3 parlamentares. Em Comum Podemos, elegeu 8 deputados.
Composto por 135 deputados, é o Parlamento que elege o presidente da Generalitat. Uma tarefa que parece que será difícil com os resultados apurados. A pesar do independentismo ter passado de 72 para 74 deputados da legislatura passada (2017) para esta, as siglas têm muitas rusgas entre si. A começar pelos atuais sócios de governo, Junts e ERC.
Numericamente à frente de Junts, que comandava a Generalitat na legislatura encerrada, agora seria a vez de ERC indicar candidato. Contudo, a diferença de um voto entre os dois partidos e as diversas divergências, podem atrapalhar entendimentos. Além disso, a CUP, tem também muitas diferenças com Junts e ERC e é difícil prever se poderão se alinhar e formar governo.
Por outro lado, especula-se a possibilidade da formação de um tripartido entre ERC, PSC e Em Comum Podemos, que poderia deixar Junts, partido do ex-presidente Carles Puigdemont fora do governo. Uma composição que também pode gerar bastante conflito.
Estas e outras equações começam a ser discutidas pelos partidos a partir desta segunda-feira e tomarão corpo quando os novos deputados forem empossados. Por enquanto, canta vitória o independentismo catalão.