Por Rosangela Bion de Assis, para Desacato.info
Quando o carro trouxe meu corpo
Ele veio com as meias gastas e tudo mais que o cobria
mas algo ocorreu no translado
a alma não encaixou completamente
e ficou uma sensação de despertencimento profunda
que provocou moleza, dores e um surto poético.
Quando o corpo fica nesse estado gosmento
Inútil para as utilidades da vida
é preciso descartar a rotina.
Tentei dançar no palco (me ofereci duas vezes).
Caminhei pelo comércio
Bebi muita água
E uma taça de vinho, obviamente
Até confessei meu passado de forma cinematográfica.
(A versão não editada carecia dos vermelhos e dos amarelos)
Fiz o que pude.
Quando se tem um corpo assim, há meio século
sobram pistas.
Seja bem-vinda senhora coragem.
Quem disse que o tempo pode nos curar do desejo de viver.
Rosangela Bion de Assis é jornalista, poeta e presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul.
Gostei e tomei a liberdade de repassar.