O Pantanal vive a maior temporada de incêndios em décadas e ultrapassou 24 mil focos de neste ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As queimadas já atingem o Parque Indígena do Xingu, que fica na região Amazônica, e o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, dentro do Cerrado.
O fogo já consumiu 12% de todo o Pantanal, o que representa 1,5 milhão de hectares. Os incêndios ocorrem há dois meses, mas se intensificaram na última semana. De acordo com o Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT), as queimadas foram provocadas por ação criminosa.
Vagner Ribeiro, professor do Departamento de Geografia da USP, afirma que o fogo é resultado da política do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Reportagem do Brasil de Fato mostra que o número de fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) despencou. De 1.311, em 2010, para 591, em 2019, uma redução de 55%.
“É um caos, diante da falta de fiscalização, que não permite o combate ao fogo e a essa situação. Cerca de 50% dos fiscais do Ibama foram reduzidos, do governo Lula até agora. Com o desmonte da fiscalização, não tem a presença de agentes atuando em território, não há como coibir essa atuação criminosa”, lamenta o especialista, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.
Biodiversidade do Pantanal
Dados do Inpe apontam que, entre janeiro e agosto, foram registrados um total de 10.153 focos de incêndios no Pantanal, bioma que soma 150 mil quilômetros quadrados. O número de focos, em 2020, supera os 10.048 pontos de queimadas contabilizados pelo Inpe entre 2014 e 2019.
O fogo também atinge o Parque Estadual Encontro das Águas, localizado na região de Porto Jofre, na cidade de Poconé. A região é conhecida por deter a maior concentração de onças-pintadas do mundo. “A onça-pintada tem papel destacado no sistema da cadeia alimentar, então se ela deixa de existir, outras espécies têm proeminência e muda a biodiversidade no Pantanal”, explica Vagner Ribeiro.
A ONG Ampara Animal abriu uma campanha para ajudar os animais silvestres vítimas do incêndio. A “vaquinha” virtual já arrecadou R$ 270 mil dos R$ 300 mil previstos. De acordo com a entidade, são milhares de animais silvestres encontrados carbonizados ou com partes do corpo queimadas, como serpentes, lagartos, jabutis, jacarés, tamanduás, macacos, antas e onças.