Incêndio social em França continua depois do fracasso das duas moções de censura

Em Paris, a noite de 20 de Março de 2023 foi marcada por novos protestos.Foto: © Reuters

Por Liliana Henriques, RFI.

A situação social continua tensa depois da adoção efetiva ontem da polémica reforma da aposentadoria, depois do fracasso de duas moções de censura contra o governo. O executivo não deixa contudo de estar numa posição difícil, já que uma das moções conduzida por partidos do centro e da esquerda falhou apenas por nove votos. Uma demissão da primeira-ministra está todavia excluída, segundo o porta-voz do governo, Olivier Véran.

Apesar de o seu governo não ter sido derrubado por pouco ontem no parlamento, uma demissão de Elisabeth Borne não está na ordem do dia, disse hoje Olivier Véran, porta-voz do governo, nem tão-pouco uma dissolução do parlamento, um referendo sobre o sistema de aposentadoria, ou uma remodelação do executivo, segundo membros do partido presidencial que participaram numa reunião com Emmanuel Macron esta manhã.

O presidente francês que deve intervir esta quarta-feira na televisão às 13 horas para evocar nomeadamente a polémica reforma que faz passar a idade mínima para se aposentar de 62 para 64 anos, está a efetuar uma série de consultas. Depois de um encontro hoje com os presidentes do Senado e do Parlamento, ele recebe no final do dia os membros da sua maioria, numa altura em que algumas vozes se expressam, inclusive no seu campo, para reclamar a suspensão da reforma.

Na oposição, cada bancada contra-ataca. Os deputados do grupo NUPES e os senadores socialistas anunciaram a sua intenção de apresentar os seus respectivos recursos contra a reforma governamental junto do Conselho Constitucional. A extrema-direita de Marine le Pen, entretanto já entregou o seu recurso.

Na rua, a mobilização também continua, nomeadamente em Paris, Nantes, Estrasburgo e Lille, no norte. No âmbito destes protestos marcados por tensão, fontes policiais avançam que um total de 287 pessoas foram detidas ontem à noite, das quais 234 em Paris.

Antes da nona jornada de greve no dia 23, continuam igualmente bloqueios esporádicos por parte de trabalhadores do setor da electricidade, mas também e sobretudo, várias refinarias estão paradas, nomeadamente uma das principais, em FossurMer, no sul. Uma situação perante a qual o governo já anunciou hoje que iria proceder à requisição de trabalhadores.

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