E se o incêndio tivesse sido maior?
Várias matérias sobre o incêndio que ocorreu no dia 19/03 na lanchonete do Hospital Infantil em Florianópolis fixaram o foco no fato de que o incêndio foi de pequenas proporções e rapidamente controlado.
É claro que todos ficaram felizes (e aliviados) de que um mal maior pode ser evitado. Mas pouco se falou do que poderia ter acontecido e do que o Governo do Estado e a Direção do Hospital Infantil Joana de Gusmão nunca mostraram preocupação em resolver.
Mas o episódio do incêndio não foi tão pequeno quanto a mídia e o Governo tentaram passar. Para os pacientes e para os pais que estavam no Hospital na hora do incêndio a situação foi de grande medo e estresse diante a fumaça que invadiu os corredores do hospital. Por onde sair? Por qual rampa? Para os servidores além da preocupação com os pacientes e do medo natural, houve o pânico de saber que o Hospital Infantil não possui sequer alvará dos bombeiros, já que há mais de 10 anos o Corpo de Bombeiros não vistoria o hospital. Não háextintores bem posicionados e nunca se viu manutenção nos poucos equipamentos que existem. Não existe saída de emergência, nem placas indicando as saídas. Não existe Brigada de Incêndio. Não existe CIPA atuante dentro do Hospital e o servidores que faziam parte da CIPA denunciaram publicamente a falta de incentivo e estrutura para o próprio funcionamento da CIPA. E o que dizer do cheiro forte de gás que corre pela garagem do hospital, que ninguém consegue explicar?
Tudo isso a Direção do Hospital e a Secretaria de Estado da Saúde tem conhecimento, denunciado pelos próprios servidores que se preocupam de verdade com a segurança no atendimento dos pacientes.
E se o incêndio tivesse sido maior? E se o fogo tivesse se alastrado para a farmácia e o laboratório, que ficam ao lado da lanchonete e que guardam vários produtos químicos inflamáveis?
Quantos sustos serão precisos para que a Direção do Hospital Infantil Joana de Gusmão e a Secretaria de Estado da Saúde façam uma reforma de verdade, que não apenas maquie as paredes, mas crie as condições para que o Hospital funcione em sua plenitude e com segurança? Quantas reformas passarão até que seja incluído no projeto de reforma as mudanças estruturais que o Hospital precisa?
A tragédia que aconteceu em Santa Maria chocou o país inteiro e diversas casas noturnas foram fechadas por que não havia segurança. E nossos hospitais?
Talvez se a mídia soubesse disso tudo não teria dado o tom indiferente e minimizado ao episódio como transpareceu nas matérias. O fogo precisa ser levado a sério e encarado como um aviso, de que é necessário parar de brincar em gerenciar a saúde pois lidamos com vidas e a vida de nossas crianças, seus familiares e dos servidores da saúde vale muito mais que a demagogia das reformas de maquiagem que vem sendo feitas no Hospital Infantil.
Fonte: SindSaúde/SC