“Fruitvale Station – A última parada” estreia nessa sexta e aponta para um movimento talvez irreversível na sociedade estadunidense: a revisão da história dos negros no país
Por Orlando Margarido.
De pronto, Fruitvale Station – A última parada, estreia da sexta 31, aponta para um movimento talvez irreversível na sociedade estadunidense, e a outro nas sociedades em geral. O específico é o que trata de uma revisão da história dos negros no país, dada a recente onda no cinema que tem em 12 Anos de Escravidão, de Steve McQueen, o maior representante com as principais indicações ao Oscar. McQueen e Ryan Coogler são realizadores negros. Coogler é estreante. Significativo, portanto, o apoio como produtores de Forest Whitaker e Octavia Spencer, Oscar de coadjuvante por Histórias Cruzadas em 2012. Um filme de alma negra, mas longe de se voltar apenas para a comunidade.
A outra peculiaridade diz respeito à democratização de imagens que tornou o mundo interligado. As máquinas digitais e celulares que registram tudo, inclusive tragédias como a que vitimou Oscar Grant. Sem o auxílio das gravações de testemunhas dificilmente se chegaria à clara agressão do policial que matou o jovem negro na virada de 2009. A ocorrência na estação de metrô do título ganhou rápida repercussão nas redes sociais. Ao ser dramatizada por Coogler, devolve à vítima sua estatura humana. Grant (Michael B. Jordan) tenta a segunda chance após cumprir pena por venda de drogas. Quer recuperar a confiança da mãe (Spencer) e da mulher (Melonie Diaz). Tarefa árdua na condição de ex-detento. O filme é afiado. Mas basta a cena simbólica de um cachorro atropelado para dar conta da ideia de um descarte na vida e nas relações, válido tanto em um passado vergonhoso como na barbárie do presente.
Fonte: Carta Capital.