O IFSC sem democracia é uma foto do Brasil atual

Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.
 
Passaram-se mais de 90 dias desde que o ex-ministro, o fugidio Abraham Weintraub, dera um golpe contra a democracia interna do Instituto Federal de Santa Catarina. Essa intromissão nas vontades da comunidade educacional foi possível porque as concepções anacrônicas de um governo despreparado, inseguro, transbordado de ignorância, procuram controlar os espaços de saber e definir aquilo que o conhecimento e a ciência deveriam aportar em único benefício do lucro.
 
Esse fato que ainda caminha pelas trilhas, por vezes propositalmente morosas, do poder judiciário, faz parte de um enredo maior que degenera todos os espaços democráticos da nação. O que compreendemos como diálogo político virou ativa negociata entre poderes. A relação atual entre os poderes executivo, legislativo e judiciário torna o Brasil uma mercadoria, adocicada pelo discurso de nacionalismo barato que nos estão vendendo o tempo todo.
 
A educação é um negócio bilionário na mão do neoliberalismo selvagem. E apesar da importantíssima vitória obtida na terça-feira, no Congresso Nacional, com a aprovação do novo Fundeb, Fundo de Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação, pouco temos avançado na defesa ampla da educação pública, de qualidade, universal e gratuita, que está na mira dos mercadores da nação.
 
O que se pretende, em definitivo, é transformar os estudantes em clientes e os professores das redes privadas em máquinas. Esse negócio faraônico procura também acabar com a criticidade, criando e amarrando novos currículos à vontade exclusiva do mercado, onde tudo é matéria vendável e comprável. Quem não pode comprar esse serviço fica de fora. Ou sai do país nessas intermináveis levas de pessoas à busca de um destino, ou vira neoescravo desqualificado, mão de obra submersa na miséria.
 
O congelamento nos recursos aprovado em tempos do ilegítimo Michel Temer garantiu acelerar o sucateamento da educação. A perspectiva ideológica de formar jovens nos limites do capital financeiro garante uma classe dominante e uma classe servil. Uma preparada para o poder, e outra adestrada para suportar os desígnios do capital.
 
Na esteira disso tudo há outros negócios que também interessam ao mercado. O setor de serviços para o qual já há muito tempo vem se terceirizando setores de segurança, limpeza e administrativos se beneficiará ainda mais da educação. Assim também interesses imobiliários por espaços hoje ocupados pela educação pública.
 
O acontecido no Instituto IFSC é o reflexo de um país à venda, onde a privatização e exportação de cérebros já está exposta na prateleira. Quem possa pagar poderá ser comprado, quem não possa pagar será descartado. Houve um grande triunfo com o Fundeb na terça, muitos outros precisamos para construir uma sociedade livre e igualitária.
 
#Editorial #Desacato13Anos #AOutraInformação

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