Por Nathalí Macedo.
O governo Bolsonaro tem ajustado os últimos detalhes para cumprir, de uma vez por todas, o objetivo de transformar o Brasil em uma teocracia com práticas medievais – e uma boa dose de lunatismo, é claro.
A novidade agora é a ideia de Eduardo – fundamentada nas vozes de sua cabeça esquizofrênica e nos livros-desserviços de Ana Carolina Campagnolo, a deputada bolsonarista maconheira (como esquecer?) – de separar as crianças por gênero nas escolas.
Em plenário, Dudu limitou-se a dizer que “há forte pressão, principalmente das feministas, para que as escolas abriguem na mesma sala meninos e meninas, mesmo havendo bons argumentos pedagógicos e empíricos atuais recomendando o contrário”, sem citar, entretanto, quais seriam esses “argumentos pedagógicos e empíricos.”
Eu arrisco um palpite: os argumentos não foram citados porque, como é de costume na casta Bolsonaro, eles simplesmente não existem, assim como não existe ninguém que leve a educação a sério e seja capaz de defender a separação por gênero nas escolas.
O projeto de lei é baseado em um modelo falido criado na Europa na década de 60, que não só já não é praticado em lugar nenhum, como sequer chegou a ser eficientemente implantado por seus criadores.
O programa Single Sex Education é considerado uma piada pra qualquer pedagogo sério, e a separação por gêneros já foi abolida até mesmo em escolas católicas, onde todas as crianças convivem diariamente em nome de uma educação voltada à diversidade.
A única voz que Dudu encontra pra engrossar o coro de sua esquizofrenia é a da também incoerente Ana Carolina Campagnollo, cuja obra (já tive o desprazer de ler um de seus livros, apenas pelo prazer de maldizê-lo) é uma verdadeira aberração, por estar baseada em conceitos e métodos já aposentados pela academia.
Sua (des)obra cheira a mofo, assim como o governo que ela integra. Talvez a única qualidade da maconheira bolsonarista (uma locução adjetiva incoerente por si só) seja consumir essa erva sagrada, que, apesar de sagrada, infelizmente não opera milagres (e haja maconheiro reaça!).
O pior é que, enquanto protagonizam essas pataquadas – separação por gênero nas escolas, internação compulsória para grávidas que pretenderem abortar, etc – os deputados bolsonaristas simplesmente não trabalham. Seu tempo é ocupado integralmente em apresentar projetos surreais que, justamente por serem surreais, servem apenas para chocar (nas horas vagas, eles aumentam o fundo eleitoral por distração).
Trabalhar, que é bom: nada.
Gosto de acreditar – e ainda consigo – que um projeto como esse jamais será aprovado, nem mesmo no Brasil, hospício do mundo. Servirá apenas para que Eduardo e Campagnollo consigam o que tanto adoram: atenção.
Ainda assim, vale minha anedota-aviso (essa sim empírica e real) ao Dudu e sua turma: estudei em escola de freira na década de 90, com meninas de saiote e meia longa e meninos do outro lado da grade, e não adiantou nada: me tornei uma feminista antiproibicionista do jeitinho que vocês detestam.
É como dizem por aí: cuidado com o que desejas.
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