Quantas vezes você já ouviu alguém reclamar que não conhece ninguém que um dia tenha sido consultado pelo IBOPE, sobre qualquer opinião a respeito de alguma coisa?
Talvez você mesmo seja um desses reclamantes. E IBOPE é abreviatura de Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.
O IBOPE não tem o menor interesse pela Opinião Pública e a comprovação disso se verificou em recentes campanhas eleitorais. Somente quando a opinião dos brasileiros se tornou demais evidente é que o presidente do IBOPE reconheceu que seu Instituto tinha aferido a opinião errada e o candidato que apontavam como vitorioso, em verdade seria o derrotado.
Se não consideram sua opinião nem em caso de eleição presidencial, como se pode acreditar nas indicações de audiência de programas de TV?
Acontece que nas Estatísticas do Instituto você corresponde a pontos. Quanto maior os pontos de audiência, mais o anunciante paga para os veículos inserirem propaganda. Uma fortuna!
Nesse caso é o anunciante que está sendo enganado, mas nas pesquisas eleitorais são aqueles que por receio de discordar da maioria ficam aguardando o resultado da Estatística do IBOPE.
Só a estatística é que é do IBOPE, porque a opinião não é pública.
Público é custo do voto. E sai mais caro do que anúncio de patrocinador de programa de TV.
Um exemplo que você conhece: até 1987 a grande maioria dos brasileiros nunca havia ouvido falar em Collor de Melo, mas como os donos das empresas de comunicação resolveram que Collor deveria ser feito presidente do Brasil, as estatísticas do IBOPE definiram que a opinião pública elegeria Collor. E pagamos a Casa da Dinda, a viagem às Seicheles, o PC Farias e outros custos com o bloqueio de nossas contas concorrentes e de poupança. Nossa economia
popular.
Aqui ninguém é bloqueado nem tem enganação. Só o que não se quer é ficar enchendo caixa postal com assuntos e temas que não sejam do interesse do correspondente. E como minha lista de correspondentes é muito extensa, facilita bastante enviar apenas para os que realmente vão ler os episódios de “ORIXÁS”.
Mas há um motivo maior: a farsa montada pelo IBOPE tem convencido ao Brasil que brasileiros não se interessam pela cultura e realidade brasileira. Se na Estatística do IBOPE você fosse interessado no Brasil, talvez as emissoras de TV produzissem programas sobre a cultura do povo brasileiro.
Será mesmo que você não se interessa pela cultura brasileira e prefira assistir enlatados dos Estados Unidos que nos Estados Unidos ninguém vê? Ou os realities show de horrores mentais? A repetição das mesmas histórias de novelas, onde só mudam as cores dos cabelos dos atores e os nomes dos personagens?
Reparo que ultimamente a opinião da maioria dos brasileiros não coincide mais com a do IBOPE. Até mesmo os formadores de opinião reclamam do público por não formar opinião pela opinião do patrão do formador de opinião.
De quem é a opinião das Estatísticas do IBOPE? Do dono da TV ou do público?
Tem de ser de quem deu a concessão e se a concessão da TV é pública, pública deveria ser a opinião. Não das maquilagens e dos engomadinhos pagos para formar opinião.
Aqui não se engoma nem embroma. Se quiser conversar e discutir a sua ou a minha opinião, escreva. Muito me ajudaria se comentassem e criticassem as falhas de minha inexperiência, para compensar a falta da orientação do mestre Edison Braga que criou o projeto de versão de um livro para o seriado “Orixás”, pensando em transmitir ao público algumas informações sobre a formação social, étnica e cultural brasileira; através da linguagem empregada pela produção de seriados de TV.
Eu não acredito nem na publicação de segunda edição daquele livro que “deu origem à série”, quanto mais em seriado! Mas afora o prazer de escrever em nova linguagem, pretendo usar este trabalho para uma função que corresponda com as intenções do saudoso amigo: provocação.
Por isso preciso que os que queiram continuar recebendo os próximos episódios, me escrevam algo como: “Quero continuar recebendo os próximos episódios de ORIXÁS”.
Sem farsa ou manipulação vou usar essa expressão de sua opinião para provocar as instituições culturais, algumas integradas ao governo, às quais também tenho enviado os episódios de “ORIXÁS”.
Não sou dono de Estatística e não posso inventar a Opinião Pública. Não sou o IBOPE e preciso provar qual porcentagem de meus correspondentes são de opinião de que deva continuar enviando “ORIXÁS”.
Provando a estas instituições que há uma latente Opinião Pública favorável ao tema do seriado, posso provocá-las a cumprirem suas responsabilidades pressionando produtores e divulgadores culturais do Brasil que omitem e desvalorizam nossa realidade, história e formação étnica, social e cultural.
Dessa forma, inspirado pelo meu anjo provocador e com a ajuda dos que se interessaram pelo “ORIXÁS”, acredito contribuir para uma abertura de acesso ao mercado de trabalho de uma ampla parcela de atores, redatores, roteiristas e escritores que, conforme o recenseamento de 2010, representam mais de 50% dos brasileiros.
É mais do que tempo de nos aproximarmos dos países do hemisfério norte onde, pelas cotidianas telas de TV, se tem a impressão de haver mais negros do que realmente se encontra pelas ruas.
A inversão dessa situação espanta e admira a todos os europeus e norte-americanos que visitam o Brasil. As instituições relacionadas com a identificação de nossa diversidade cultural, a partir de nossas bases indígenas, africanas e europeias, não podem mais se intimidar perante a imposição de farsas sobre a verdadeira Opinião Pública brasileira.
Se não acredito na realização de “ORIXÁS”, também não acredito que os meios
de produção e divulgação cultural possam continuar mentindo e omitindo nossa
realidade por muito tempo. Afinal, a concessão de que se utilizam para nos
mentir e omitir, é nossa!
Só precisamos provar para as instituições mediadoras e responsáveis que já não queremos mais ter nossa Opinião Pública relegada e falsificada.
Agradeço muito aos que me escrevem contando da distribuição desses roteiros aos seus correspondentes e peço o favor de divulgar também meu endereço; <mailto:[email protected]> [email protected], pois quanto maior o
número de pedidos de continuidade de envio dos próximos episódios de “ORIXÁS”, maior a provocação para que o principal veículo de comunicação de massas, a TV, adote conteúdos relativos à realidade daqueles que a eles concedem as ondas de transmissão, constitucionalmente reconhecidas como patrimônio público.
Se pela preservação do direito de liberdade de expressão devemos tolerar que utilizem o que concedemos para divulgar seus interesses político/econômicos; que em contrapartida preservem e divulguem ao menos nosso interesse em existir, como é feito em outros países de acentuada tradição racista.
Chega de pastores evangélicos nos identificando com Satanás, sem que se nos conceda qualquer direito de resposta e de exposição de nossa verdadeira cultura! Chega de sermos tratados como bêbados ou idiotas, sem qualquer direito de demonstrar nossa história! E, sobretudo, chega de sermos alijados de um mercado de trabalho desenvolvido com muito do que criamos e que utiliza uma concessão que também é de metade da nossa composição
populacional brasileira!
Se ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, também não o será de divulgar o que se comprova contra si e, por essa premissa, é compreensível a inviabilidade de produção de “ORIXÁS”. Mas que essa iniciativa de Edison Braga, um dos precursores da TV brasileira, sirva para provocar mudanças no futuro de nossa produção televisiva, pois “ORIXÁS” não será a única iniciativa de reprodução da realidade deste povo em linguagem
de TV, e se outras forem concretizadas pelas produtoras desse país e divulgadas por este veículo, como sempre influenciarão em todos os demais meios de produção e divulgação cultural.
E quando nas telas dos televisores desse país, nas páginas de revistas e dos jornais, eticamente a população brasileira estiver proporcionalmente representada, seremos mais dignos aos olhos estrangeiros que hoje, pela nossa mídia, constatam a grande farsa da decantada democracia racial do Brasil.
Chega de sermos apontados como um dos países mais racistas do mundo, para exemplificar nosso atraso cultural e humano!
Agradeço também a ajuda daqueles que por não se interessarem pela questão contida em “ORIXÁS”, apenas não me enviarem nenhuma mensagem, aclarando sobre a desnecessidade de envio do que não será utilizado.
Axé!
Imagem: http://independenciafm104.blogspot.com/2010/10/pesquisa-ibope-dilma-rousseff-ganharia.html