Por Claudia Weinman.
O I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), realizado em São Bernardo do Campo, no pavilhão Vera Cruz em São Paulo, reuniu mais de quatro mil pessoas vindas de 20 estados do Brasil, contando ainda com a representação de mais de 20 países. Da região do Oeste e Extremo-oeste Catarinense, 250 pessoas participaram da atividade que contemplou ainda a realização da I Feira da Agricultura Camponesa.
Conforme um dos representantes da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Fabiano Baldo, a importância em participar de um espaço político e de discussão como este que iniciou ainda no dia 12 e encerrou no dia 16 de outubro, está relacionada a todo um processo de luta coletiva que se dá não apenas dentro do Movimento dos Pequenos Agricultores, mas com um elo estabelecido junto as demais organizações do país e fora dele também.
O tema, “Plano Camponês, Aliança Camponesa e Operária por Soberania Alimentar”, sugere segundo Baldo e consolida uma forte aliança para se avançar na discussão e luta concreta por soberania, pela produção que foge do limite imposto pelas transnacionais e empresas que implantam em sua marca a venda descontrolada de veneno. “Conseguimos no congresso aprofundar esse debate com grande parte da sociedade”, avalia.
Além das mesas de debates, reflexões feitas a partir das análises de conjuntura do país, Baldo acrescenta que a presença do Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da atual presidente do Brasil, Dilma Rousseff, foi avaliada com importância, considerando que, conforme ele, o governo precisa ser cobrado e possui necessidade de conhecer e debater o campesinato, a agroecologia, o Plano Camponês como política de vida para os camponeses e camponesas. “Essa visita propiciou isso, os movimentos mostrarem o debate tão necessário para a permanência no campo. Mostramos que o campesinato não é o óleo queimado da história, ele existe, tem importância grande, precisa ser respeitado pelo estado brasileiro, e este, necessita criar políticas públicas, que deem conta de dar condições para os camponeses\as permanecerem no campo”, esclareceu.
Ainda conforme Baldo, o campesinato é o único dentro da sociedade capaz de responder as crises vivenciadas, como a climática, de emprego, econômica, de produção de alimento. “O campesinato é o único capaz de dar respostas a crise que o capitalismo criou”, enfatizou ele, acrescentando ainda, as discussões que ocorreram sobre a questão do território e demarcação de terras indígenas.
Próximo período
Embora o congresso tenha encerrado na última sexta-feira, dia 16, Baldo enfatiza que o movimento precisa garantir a continuidade das discussões levantadas na atividade com as regionais, onde o movimento possui base organizada e em outros espaços onde é possível construir a discussão da agroecologia, soberania alimentar, aliança operária e camponesa. “Vamos fazer uma avaliação e falar sobre o planejamento do próximo período no mês de dezembro. Precisamos discutir como vamos manter o tema do congresso e avançar nas bases, além é claro, de apontar o rumo do segundo congresso”, finalizou Baldo destacando ainda, a realização da marcha feita na Avenida Paulista após o encerramento do congresso no pavilhão Vera Cruz.
Foto: Douglas Mansur
Legenda: Congresso aconteceu de 12 a 16 de outubro, em São Paulo