Chico Paiva é dessas pessoas que acumulam saberes dos mais diversos. Não tem o diploma da Academia, mas o conhecimento adquirido pelas inúmeras experiências de vida e pela curiosidade. Homem do campo, conhece o movimento das aves, o som dos ventos e a dança das nuvens quando mudam de cor e começam a se juntar em dia de chuva. Morador da localidade de Riacho das Pedras, em Santa Quitéria, Sertão Central do Ceará, em uma casa que conta a história de gerações, ele é personagem central da Revista em Quadrinhos, “Ceará Antinuclear: em defesa da vida, da água e por justiça ambiental”.
A HQ é uma ferramenta criada pela Articulação Antinuclear do Ceará roteirizada com jovens da comunidade e em parceria com o Coletivo Urucum – Direitos Humanos, Comunicação e Justiça, o Núcleo Tramas da Universidade Federal do Ceará, a Cáritas Diocesana de Sobral e o Fundo Brasil de Direitos Humanos para ajudar as comunidades, escolas e outros agentes interessados a entender e trabalhar de forma mais didática os impactos que a mineração de urânio e fosfato podem causar em Santa Quitéria e outros municípios da região.
Além de Chico Paiva, Jurandir, sua companheira e Rômulo, seu neto, ajudam a contar o enredo da história que se passa em um sonho/pesadelo do agricultor com a mina em funcionamento.
“Enquanto a chuva teimava em não cair e os animais morriam de sede, caminhões carregados de água não paravam de cruzar o grande portão de ferro que isolava a jazida do resto do entorno”, sonhava. Nós não vamo deixar isso acontecer aqui. Escute o que eu tô lhe dizendo vô”, lembra Rômulo ao avô após acordá-lo do seu pesadelo.
Com 20 páginas, a HQ cita os principais impactos, tanto à saúde das pessoas, quanto ao meio ambiente, caso o Consórcio Santa Quitéria consiga do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) as licenças ambientais necessárias para colocar em prática a mineração na jazida de Itataia.
Com desenhos, ilustração e projeto gráfico do ilustrador Carlitos Pinheiro, a revista é uma ferramenta importante de luta e combate ao empreendimento que, se licenciado, trará prejuízos incalculáveis para o modo de vida das pessoas que vivem na região.
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Fonte: MAB Nacional.