Por Nora Veiras.
O estrondoso triunfo da Frente de Todos surpreendeu a todo mundo. Por quê? Os resultados nas províncias permitiam especular, com fundamento, que a direita estava longe de se imbatível. Os indicadores que este jornal (Página 12) vem esmiuçando – faz anos já – mostravam a debacle: inflação sem freios, desvalorização da moeda, endividamento crescente, pobreza comendo solta, desemprego em aumento, fechamento cotidiano de empresas.
No entanto, a máquina propagandística oficial seguia, paradoxalmente, mantendo credibilidade mesmo entre quem compartimos o devastador diagnóstico. Por quê? O establishment penetra com seus estereótipos de rigorosidade repetidos, sem qualquer profundidade, através dos seus comunicadores e consegue confundir, gerar dúvidas, suspeitas.
É grotesco ver como quem mentiu, produziu e deu lugar a operações de imprensa, diz agora não ter calibrado a magnitude do desastre que “a melhor equipe dos últimos 50 anos” –lembram- fez. Operam sobre a autoestima, quiseram transformar em culpa os direitos a uma vida digna. A experiência acumulada floriu. A política se revitaliza. O caminho de construção será árduo.
A alienação da palavra do presidente, alheio à realidade que suas decisões provocaram no país que governa, prova que nada será fácil. O governo está em suas mãos. O 27 de outubro serão as eleições. A contundência do resultado das PASO permite conjecturar que a derrota de Juntos por el Cambio, será confirmada pelo voto popular. A demonização das urnas que contrariam seus interesses avista um rumo difícil de prognosticar. A destruição do salário tem sido um objetivo de sua política econômica. O conseguiram. Pretender a validação nas urnas parece demais.
Original em Página 12.
Foto tomada de La Voz.
Nora Veiras é jornalista, editora geral de Página 12 e especializada em educação.
A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.
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