Hoje Nise da Silveira completaria 116 anos. Psiquiatra alagoana, Nise foi uma das primeiras médicas brasileiras, sendo a única mulher em uma turma de 157 homens. Referência na luta antimanicomial, Nise foi revolucionária, tanto no campo da psiquiatria como na sua atuação política, sendo presa em 1936 junto com Olga Benário e Graciliano Ramos pela polícia do Getúlio Vargas.
Nise atuou na psiquiatria na época dos métodos de eletrochoque, lobotomia, choque de insulina e de cardiazol. “Tratamentos” violentos, dolorosos, que mexem com a personalidade da pessoa e podem causar morte.
Nise se recusou a aplicar o eletrochoque. Na Terapia Ocupacional, criou um lugar onde os doentes podiam se expressar livremente. Faziam passeios e festas, e os médicos se espantavam ao ver os doentes dançando e cantando. Insipirada nos Trabalhos de C. G. Jung, Nise buscou tratamentos através da arte, com ateliês de pintura, desenho e modelagem. Para ela, “a loucura está profundamente ligada ao desamor. Portanto, é preciso amor para salvar alguém da loucura.”
A médica escreveu os livros “Imagens do Inconsciente” e “Gatos: A Emoção de Lidar”. Também produziu com o cineasta Leon Hirszman a triologia “Imagens do Inconsciente”, retratando os casos de três de seus p
acientes, Fernando Diniz, Adelina Gomes e Carlos Petuis. No Museu das Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, estão expostas mais de 300 mil peças dos trabalhos artísticos de pacientes.
Hoje em dia, apesar do grande avanço da luta antimanicomial, os doentes mentais são tratados com megadoses e alojados em hospícios.
Sobre os novos tratamentos, Nise nos deixa uma mensagem: “Tanto remédio, pra quê?! Remédio é ir dançar no carnaval. Um sedativo, em dado momento, vá lá – mas entupir uma pessoa com medicação por 30 anos?… De todas as ciências, acho a medicina a mais resistente a modificações. A doença e a morte são uma das principais fontes de lucro do mundo – e os médicos fazem parte da categoria mais reacionária.” (Nise)
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