As escolas públicas da Guiné-Bissau estão paradas há mais de dois meses e mesmo com a retoma da actividade normal na administração pública depois do golpe de Estado de 12 de Abril, os alunos continuam sem aulas.
Laureano Pereira, presidente do Sindicato Democrático dos Professores (Sindeprof) disse hoje (segunda-feira) à Lusa que as escolas “estão paradas porque os professores têm dívidas a receber” da parte do governo.
“Os dois sindicatos fizeram uma frente única para exigir ao governo o pagamento de algumas dívidas aos professores, sem o pagamento dessas dívidas não podermos voltar à dar aulas”, afirmou Laureano Pereira.
Em causa, adiantou, estão cinco meses de salário em atraso dos professores contratados, e quatro dos professores admitidos e reintegrados no sistema educativo público.
Os professores efectivos (os que recebem normalmente como quadros do sistema) têm a receber um mês de salário, disse ainda o presidente do Sindeprof.
Laureano Pereira adiantou que a semana passada os dois sindicatos (Sindeprof e Sinaprof) reuniram-se com o primeiro-ministro de transição, Rui de Barros, mas ficaram de ser novamente chamados, pelo ministro da Educação, Vicente Pungura, para analisar as modalidades de pagamento das dívidas aos docentes.
O presidente do Sindeprof frisou que além do pagamento de salários os professores também reclamam do governo a efectivação de um acordo para a mudança de escalões profissionais e o consequente pagamento de salários.
De acordo com Laureano Pereira, algumas escolas semi-públicas estão a funcionar por serem de auto – gestão (os pais dos alunos é que pagam grande parte dos salários aos professores) ou madrassas (do ensino convencional e islâmico).
Questionado sobre se não há risco de o ano lectivo ficar comprometido, Laureano Pereira disse que “é possível” mas acredita ser ainda possível “salvar o ano”.
As escolas públicas guineenses não reabriram as portas desde o golpe de Estado de 12 de Abril mas três semanas antes do levantamento militar já não havia aulas por causa de greve dos professores.
As escolas privadas têm funcionado normalmente e mesmo nos dias a seguir ao golpe de Estado de 12 de Abril havia aulas.