Florianópolis foi pioneiro no estado ao criar um Conselho Municipal de Direitos LGBT neste ano. Pelo menos dez pessoas ligadas às organizações de direitos humanos irão compor o conselho, trazendo representatividade e luta pelos direitos dessa comunidade. Além disso, outras cidades têm grupos que debatem entre si e com autoridades a fim de criar e assegurar direitos para os LGBTs, e isso através de coletivos – que reúnem pessoas interessadas no tema e que tomam decisões em consenso. Também temos Entidades, que não só englobam essas pessoas, mas também, possuem uma coordenadoria que toma as decisões e fala em nome do grupo. E Organizações Não Governamentais (ONGs), que também se estruturam em reuniões e decisões da comunidade. Independente de coletivo, entidade ou ONG, as reivindicações são semelhantes, somando liberdades simples, mas que ainda são ignoradas ou condenadas por uma parte da população, principalmente através de preconceito e agressão física e verbal.
Estudante de Farmacologia, Felipe Fanton, 18, é blumenauense, mas atualmente mora em Florianópolis, e diz que o coletivo trouxe a oportunidade dele se conhecer melhor e saber separar seu gênero da forma com que gosta de se expressar. Já Sthefany Alves, cabeleireira e maquiadora, pensa em fundar um coletivo na cidade de Gaspar, e nos conta um pouco sobre o preconceito vivido por lá.
Veja o relato abaixo:
Conversamos com alguns grupos de Santa Catarina para saber mais como é a receptividade na cidade em que atuam e quais são os projetos que desenvolvem para promover discussões sobre identidade de gênero, direitos iguais, orientação sexual, preconceito, LGBTs nas escolas etc. Tentamos contato com todos os grupos que temos conhecimento no estado, porém, nem todos nos responderam ou responderam depois do fechamento do semestre.
O coletivo Gozze foi criado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com objetivo de lutar pelo reconhecimento das diferenças e trazer visibilidade dos LGBTs na universidade e comunidade de Florianópolis. A iniciativa foi lançada em 2010, e por um tempo ficou parada.
Estudante de Letras e atuante no coletivo há três anos, Lusca Costa, 26, diz que todas as decisões são tomadas em grupo, pois o coletivo é projetado de maneira horizontal, sem necessidade de uma coordenadoria. O estudante nos disse que este ano, estão iniciando o processo de reativação e renovação do coletivo, e fizeram a primeira reunião em 21 de maio. “Estamos na fase de conversas e reuniões porque tem uma galera de calouros se engajando nas pautas LGBT’s, fazendo o grupo expandir cada vez mais”, conta.
Além da página no Facebook, eles têm um grupo na rede social para marcar reuniões, divulgar eventos da região e publicar postagens sobre o assunto da comunidade.
A Organização não governamental, Amigos & Tribos, surgiu em 2009, e luta pelos direitos da comunidade LGBT, e também, minorias do Vale do Itajaí, especialmente nas cidades de Balneário Camboriú, Itajaí, Camboriú, Itapema e Navegantes. Atualmente o grupo conta com a participação de oito pessoas efetivas. Balneário Camboriú, cidade conhecida pelo seu turismo de alto padrão é no olhar de um dos fundadores, ainda muito conservadora. Membro da ONG, Otavio Zini, conta que “acreditar que Balneário Camboriú não é uma cidade conservadora é acreditar no discurso hipócrita usado para a venda da cidade como aberta e turística. Por anos é tentado diversas ações de conscientização e mobilização para a visibilidade destas populações, e sempre a resistência do poder público é notória”.
A ONG age e fiscaliza os direitos para essas populações, busca parcerias com instituições de ensino superior para efetivação jurídica destes direitos, e também, com agentes na área da saúde para um melhor e mais efetivo atendimento a esta população. Otávio revela que mantém o contato com outros grupos regionais e nacionais, e conta que as reuniões do grupo são feitas geralmente de forma virtual.
Em Santa Catarina temos 11 cidades que participam da União Nacional LGBT, uma entidade (que possui uma gestão para tomadas de decisões do grupo), também luta pelos direitos de pessoas LGBT’s.
A presidente da União Nacional LGBT (UNA), de Jaraguá do Sul, Caroline Chaves, informa que a entidade foi criada na cidade este ano, dia 27 de fevereiro. A direção é composta por nove membros e há pelo menos trinta pessoas que participam ativamente do grupo. Questionada sobre a receptividade da organização em Jaraguá, Caroline diz que as mídias têm dado visibilidade e apoio, mas também, diz que uma parcela da população ainda não aderiu ao grupo por manter preconceitos.
Para expandir o conhecimento da população jaraguaense sobre questões LGBTs, o Centro Acadêmico de Direito da Universidade Católica de Santa Catarina, promoveu palestras e conversas na I Semana de Diversidade Sexual, que trouxe a comemoração do Dia Mundial da Luta Contra a Homofobia, Lesbofobia, Transfobia e Bifobia, com o apoio da União.
Caroline ainda destaca os principais objetivos da formação para a cidade. “Pensamos em realizar vários eventos, inclusive uma parada gay, cursos de formação para profissionais da rede pública e particular, pois a maioria não sabe o que é LGBT”, aponta. Membro da União Catarinense de Estudantes, ela ainda fala que, em longo prazo, pretende tornar o dia 17 de maio, o dia municipal contra a LGBTfobia, e defende o nome social e civil para transexuais. “Dentro da UNA temos a comissão jurídica que está tentando concretizar a questão do nome social/civil para pessoas trans”, revela.
Outros grupos de Santa Catarina:
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Fonte: Te Orienta.