Grupos cristãos ligados a Trump gastaram US$ 280 milhões em campanhas contra LGBTs e mulheres pelo mundo

Dinheiro foi utilizado para influenciar políticas e opinião pública contra direitos sexuais e reprodutivos. Segundo levantamento, América Latina recebeu quase US$ 50 milhões por mais de 10 anos

Foto: Casa Branca

Por Luisa Fragão.

Organizações cristãs de extrema direita, parte delas ligadas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, investiram US$ 280 milhões em campanhas contra a população LGBTQIA+ e direitos das mulheres ao redor do mundo. De acordo com reportagem da Open Democracy, ONG inglesa financiada por George Soros, a América Latina recebeu quase US$ 50 milhões desses grupos por mais de 10 anos.

A Associação Evangelista Bill Graham foi a que mais investiu na América Latina. Ao todo, foram gastos US$ 21,4 milhões na região, de 2007 a 2014. Graham foi conselheiro pessoal do ex-presidente Richard Nixon e hoje seus herdeiros têm um conglomerado que reúne, além de igrejas, emissoras de TV e universidades.

A organização hoje é liderada por Franklin Graham, que já disse que Satanás é o arquiteto do casamento entre pessoas do mesmo sexo. De acordo com a reportagem, Franklin é defensor declarado de Trump e disse que Deus estava por trás da eleição de 2016. Além disso, ele esteve na Rússia no ano passado para se encontrar com autoridades que estão sob sanções dos EUA, e viagem teria sido assinada pessoalmente pelo vice-presidente Michael Pence.

O segundo grupo que mais investiu na América Latina foi o Focus on the Family, organização cristã fundada em 1977 no sul da Califórnia. O grupo realiza campanhas contra o aborto nos Estados Unidos e apoia a criação de centros antiaborto, além de ter sido parceiro do Congresso Mundial de Famílias anti-LGBT.

De acordo com o Open Democracy, o Focus on the Family considerado um dos principais “grupos que ajudam a impulsionar a cruzada anti-gay da direita religiosa”. No início de 2020, Jenna Ellis, que já trabalhou para o fundador do grupo, James Dobson, foi nomeada assessora jurídica da campanha de Trump.

Questionadas pela reportagem, as instituições não esclareceram de onde veio o dinheiro. Chama atenção que o ápice dos investimentos fundamentalistas na América Latina foi entre os anos de 2008 e 2012, quando a região estava com fortes lideranças da esquerda na política.

 

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