O Grupo ND, empresa de comunicação que edita o Jornal Notícias do Dia, e os telejornais da NDTV, divulgou uma série de reportagens sobre a UFSC desde sábado, 23 de abril até a quarta-feira, 27 de abril. As matérias impressas e veiculadas no site do veículo trazem informações errôneas e incompletas sobre a Universidade Federal de Santa Catarina, e carregadas de opiniões negativas sobre a instituição, com esparso contraponto, apesar de extensas entrevistas concedidas pela Administração Central aos jornalistas do Grupo.
A primeira reportagem da série abordou a queda no número de inscritos nos últimos vestibulares da UFSC e de outras universidades federais, e atribuiu esse dado a “má gestão”, apesar de ter recebido da própria UFSC informações que dizem respeito às razões que permeiam uma atual crise generalizada da educação, em várias esferas de ensino em todo o Brasil. As matérias também desconsideraram estudos realizados por entidades como a Andifes e as diversas ações que estão sendo tomadas pela Administração Central e em todos os Centros de Ensino da UFSC para implementar mudanças nos processos seletivos e nos currículos dos cursos. Ademais, a reportagem omite a realização de processos seletivos para preenchimento de vagas nos cursos de Graduação durante o ano de 2021, sendo que os processos seletivos realizados diretamente pela UFSC contaram com 24.323 inscritos no ano passado, e somando-se os estudantes que tentaram ingressar na UFSC através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), o número de candidatos às vagas dos cursos de Graduação na Universidade chegou a 57.415, número maior que a quantidade de inscritos no Vestibular 2018, por exemplo.
Na última segunda-feira, 25 de abril, o NDTV solicitou entrevista com o pró-reitor de Graduação, Daniel Vasconcelos, para tratar da mesma pauta. Visto a quantidade de erros e julgamentos embutidos na reportagem impressa, a Administração Central informou, por meio da Agência de Comunicação da UFSC, que não haveria entrevista, mas que seria encaminhada uma nota oficial, que foi enviada às 13h41. Mesmo assim, a reportagem omitiu a informação da existência da nota, e limitou-se a afirmar apenas sobre a negativa de gravação de entrevista.
Portanto, a Agecom oferece à comunidade universitária o contraponto às informações que vêm sendo veiculadas em mais uma campanha aberta do Grupo ND contra a UFSC, por meio da íntegra da Nota Oficial, enviada ao veículo. Informa, ainda, que, desde 28 de março, a UFSC vem atendendo diligentemente à reportagem, oferecendo fontes e informações, que estão sendo apresentadas ao público em meio a juízos de valor.
Veja abaixo, a Nota Oficial (clique para abrir em PDF):
Nota Oficial
A Administração Central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) esclarece que, a respeito dos números decrescentes de candidatos às vagas de Graduação nos Vestibulares e Processos Seletivos em anos recentes, o fenômeno, objeto de matéria de capa do Jornal Notícias do Dia na edição de sábado e domingo, é observado não apenas na UFSC, mas também no conjunto das universidades e institutos federais espalhados pelo País. O impacto negativo que a pandemia de Covid-19 e a crise política e econômica causaram é verificado em todos os níveis da educação, e ameaça o futuro do Brasil, não constituindo, como a matéria parece querer fazer entender, um problema restrito à UFSC.
A UFSC tem estudado, nos últimos anos, os motivos pelos quais esse declínio acontece, não só em Santa Catarina como nas instituições federais de ensino superior como um todo. O efeito é de motivação múltipla, complexa, mas, entre outros fatores, é perceptível que a situação econômica do País, principalmente após a pandemia, leva os jovens que estariam ingressando no ensino superior a priorizar o trabalho e sustento familiar. Ao mesmo tempo, observou-se nos últimos anos a diminuição de políticas de fomento para a educação, com corte de recursos financeiros que as universidades federais utilizam para a assistência e permanência estudantil, cortes de bolsas de pós-graduação, e redução dos recursos para investimentos das universidades. Como consequência, o Brasil vivencia um triste êxodo de talentos, perde cientistas e estudantes que acabam partindo para pesquisar em outros países que oferecem real incentivo à ciência e à educação.
Outro lamentável motivo para essa menor procura, observado também nacionalmente, é a crescente deslegitimação da universidade pública e gratuita por parte de autoridades nas mais diversas esferas de governo, de veículos de mídia e imprensa, e por representantes da sociedade civil. A Universidade Pública brasileira vem sendo atacada de forma sistemática e absurda por pessoas que, não conhecendo nem buscando conhecer sua complexidade e especificidades, e utilizando falsas analogias, parecem ignorar que são estas mesmas universidades que correspondem por mais de 95% da pesquisa científica e inovação tecnológica de ponta no nosso país, mesmo com a escassez de recursos com que precisam conviver cotidianamente.
Lamentamos que, embora tudo isso tenha sido discutido e informado detalhadamente quando gestores da Universidade responderam à reportagem, nada a respeito disso tenha sido trazido ao texto final, que preferiu emitir juízos de valor e trazer informações errôneas sobre a situação da UFSC.
Nesse sentido, destaca-se a omissão de dados importantes disponibilizados, especialmente a ausência de números do Processo Seletivo 2021, trazendo até mesmo, num de seus infográficos, a informação errada de que no de 2021 a UFSC não teria realizado processo seletivo vestibular. É leviano trazer informação tão discrepante da realidade, uma vez que a UFSC lançou, em 2021, dois editais de processos seletivos para ingresso na Graduação, com oferta total de 4.702 vagas e mais 1.933 vagas via SiSU. Faltou informar que em 2021 os processos seletivos realizados diretamente pela UFSC contaram com 24.323 inscritos. Somando-se os estudantes que tentaram ingressar na UFSC através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), o número de candidatos às vagas dos cursos de Graduação na Universidade chegou a 57.415.
A tendência e a apuração, carregada de opiniões não sustentadas por dados, e corroboradas pela estranha escolha de fontes que não respondem e não podem ser tomadas como representativas da universidade – como postagens de perfis pessoais, relatos de terceiros, e informações com evidente viés anti-UFSC – demonstram a intenção clara de macular a imagem da Universidade. Os ataques reiterados não têm lastro em fatos e abrem uma série de possibilidades de interpretação.
Ao invés de informar, desinformam e distorcem a realidade. São elementos que corroboram para um cenário de desinformação e deslegitimação desta instituição que atua há mais de 61 anos na oferta de ensino público de qualidade e pesquisa científica e tecnológica de excelência, tendo seu nome inscrito na história de Santa Catarina e do Brasil pela relevância de sua contribuição em ciência, tecnologia, artes, cultura e inovação, entre outras dimensões da produção acadêmica da UFSC. Apesar das críticas, a UFSC figura entre as melhores instituições de ensino superior do Brasil e da América Latina, pontua sempre nas melhores posições dos diversos rankings nacionais e internacionais que colocam a instituição como referência de excelência, recebe estudantes de todo o Brasil e do mundo, possui atuação internacional e impacta positivamente em todas as suas áreas de atuação.
Essa história não será apagada com informações distorcidas e juízos de valor persecutórios contra a universidade pública, gratuita e de qualidade.
Florianópolis, 25 de abril de 2022
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