Por Claudia Weinman, de São Miguel do Oeste – SC, para Desacato.info
Fotos: Adi Spezia (MPA), Júlia Saggioratto (PJMP)
Com o tema: “Que país é esse, que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”, o Grito dos Excluídos\as deste ano de 2015, realizado em São Miguel do Oeste\SC, neste dia 07, composto por organizações, pastorais e movimentos sociais, levou para as ruas de São Miguel do Oeste a sua principal denúncia, contra a mídia golpista, que segundo as organizações, criminaliza o povo, falsifica informações e não representa suas realidades e ainda, fortaleceu que o povo não aceitará um golpe no país.
Durante a marcha que trouxe presente a defesa da vida dos povos, mais de 500 pessoas levaram bandeiras contra a criminalização das juventudes que vivem no campo e nas periferias, contra o sistema do agronegócio, em defesa da agroecologia, pela demarcação das terras indígenas e também pelo feminismo.
Conforme o militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Fabiano Baldo, o Grito dos excluídos\as deste ano teve um envolvimento grande das organizações. “É um momento de retomada das ruas com a presença massiva do povo. A nossa mensagem foi repassada ao mesmo tempo em que reforçamos mais uma vez que a sociedade precisa sim de mudanças”.
O Pároco da Igreja Matriz São Miguel Arcanjo, Reneu Zortea, também enfatizou que a marcha trouxe para o meio da sociedade a discussão sobre os problemas relacionados ao Cemitério Público Municipal e o questionamento de uma mídia que mente para o povo e está a serviço da estrutura capitalista. Zortea também citou a participação massiva das organizações nas ruas. “Tivemos um engrandecimento das massas. As juventudes tiveram uma expressão muito forte com as pautas e bandeiras colocadas durante toda a marcha”.
“A gente continua em pé”
Mostrar que o povo continua se organizando segundo Jociani Pinheiro, da coordenação das Pastorais da Juventude do Meio Popular e Pastoral da Juventude Rural, foi uma das principais intenções do Grito. Precisamos mudar a estrutura de sociedade que temos hoje. Isso é possível, por isso seguimos denunciando o agronegócio, anunciando nossas mídias alternativas, a luta incansável pelo campus da UFFS e dizendo principalmente que as juventudes querem viver no campo e nas periferias. Nesse sentido, cumprimos mais uma vez nosso papel, e ainda, queremos falar que nada vai calar a nossa voz porque o nosso grito é coletivo e vamos seguir juntando gente que grita sozinha para gritar junto com nós por um projeto maior para a América Latina”.
A jovem que também representa o coletivo das pastorais, Mayara Gaiardo, reforçou dizendo que durante a marcha, algumas pessoas se negaram a receber a edição do Jornal Comunitário construída pelas juventudes e pediu para que ela ‘mostrasse a cara’, já que, estava pintada. “A gente costuma pintar o rosto para dizer que defendemos a diversidade e não para nos escondermos. Esse é meu rosto, como posso mostrar outro se é isso que defendo? Quem se nega a construir com a gente e busca apenas criticar não conhece o processo e não tem interesse de mudar nada”, argumentou.
De Fraiburgo\SC, o companheiro João Carlos Rodrigues que representa a Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (APAFEC), acrescentou ainda que a cada ano, o Grito dos Excluídos\as tem se fortalecido. “Esse é um momento histórico muito importante. Vamos continuar participando e mostrando as nossas pautas, conquistas e denúncias”.