Por Diana Assunção.
Foto: Marcelo Zapelini para Desacato.info
A primeira luta que eu tomei pra mim, quando comecei a militar, foi a luta em defesa das trabalhadoras terceirizadas da universidade onde eu estudava História.
De lá pra cá foram 10 anos de uma batalha incessante contra o trabalho precário e terceirizado. Uma batalha que não se dava somente contra os patrões e os partidos da burguesia, mas também contra a grande maioria dos sindicatos dirigidos pelo PT que permitiram durante os 14 anos de governo que a terceirização passasse de 4 para 12 milhões no Brasil. Com a conivência nestes anos todos das direções petistas, os golpistas agora resgataram um projeto de Fernando Henrique Cardoso para poder dar este enorme passo de fragmentação da classe trabalhadora. Foram coniventes, ainda que agora digam que eram contrários ao PL 4302. Deixaram passar, não lutaram pelos terceirizados, não defendiam um programa que respondesse a situação deles. Foram cúmplices da fratura que sofreu a classe operária brasileira, fratura essa que tem rosto de mulher e de mulher negra. Não lutar seriamente contra a terceirização do trabalho e permitir que a terceirização fosse avançando, contribuiu a uma prática sindical que aceita a divisão imposta pelo capitalismo, que quer transformar nossa classe em um vários “sub-classes”.
O golpe institucional, que veio feroz contra os trabalhadores, encontrou a porta aberta nos ajustes que o governo anterior vinha fazendo, e a terceirização era um deles. A reforma da previdência, a reforma trabalhista e este projeto de lei para terceirizar tudo. Acabou de ser aprovado na Câmara dos Deputados, este podre parlamento de políticos corruptos e privilegiados, destroçar a classe trabalhadora, transformar os 12 milhões em “regra”, fazer deles exemplo de como explorar melhor no nosso país. É a ante sala da reforma da previdência, que com uma manobra Temer pensa poder acalmar os ânimos. É preciso se levantar contra tudo isso. Já está claro que não podemos deixar nas mãos das direções da CUT e da CTB, eles vão nos trair. Assim como fizeram nos 14 anos em que a terceirização se ampliou.
Precisamos nos apoiar na força que a nossa classe mostrou no último dia 15, essa força que eles querem colocar freios, essa força que poderia estar parando o país inteiro hoje pra evitar essa tragédia e que as centrais sindicais aceitaram em paz. Nós não, pra nós é guerra aos senhores. Colocar em cena a força da classe trabalhadora pra impor que as centrais sindicais se movam e organizem um plano de luta ativo em todo o país e fazer uma greve geral pra derrotar as reformas da previdência e trabalhista (com anulação da PL 4302) e derrubar Temer. A CUT soltou nota dizendo que indica greve geral pra abril, sem nenhuma data concreta. Precisamos de uma greve geral já! Que seja ainda mais forte, organizada pela base com assembleias democráticas, comitês e delegados eleitos na base para impor, pela força da luta, uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana que debata os grandes problemas do país, garantindo o não pagamento da dívida pública para destinar dinheiro à saúde, educação e previdência digna sob controle dos trabalhadores para todos, nenhuma demissão na indústria, redução da jornada sem redução dos salários, efetivação imediata dos 12 milhões de terceirizados. Seriam algumas das medidas imediatas para enfrentar a crise que querem descarregar sob nossas costas. Que os capitalistas paguem pela crise.