Vermelho.- Nesta segunda-feira (27), maior central sindical de Israel, a Histadrut, convocou uma greve geral para manifestar contrariedade ao projeto de reforma judicial do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e sua coalização de extrema direita que governa o país. O presidente de Israel, Isaac Herzog, apoiou a convocação da greve.
Com a pressão, o primeiro-ministro anunciou que irá adiar o projeto. No entanto, apontou que não irá abandoná-lo, mas buscar o diálogo.
A greve foi anunciada dentro de um espectro de manifestações ao longo de meses e que ganharam relevo com milhares de manifestantes nas ruas de Israel, principalmente em Tel Aviv, no domingo (26), após Netanyahu demitir o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que pedia que o projeto de mudança judicial fosse suspenso.
Membros das Forças Armadas de Israel não apoiam as mudanças, porque acreditam que são uma ameaça ao Estado e, consequentemente, à segurança do país altamente militarizado, uma vez que enfraquecem a independência dos poderes.
O sindicato dos médicos aderiu à greve o que gerou paralisações nos hospitais públicos, assim como o aeroporto internacional Ben Gurion – o mais importante do país – que teve voos cancelados.
O projeto de reforma do judiciário prevê que o governo tenha mais poderes sobre os juízes e Suprema Corte. Analistas acreditam que a reforma tem potencial para ferir a democracia** de Israel, pois atenta contra a separação dos poderes.
De acordo com a BBC, a reforma tem como principais pontos:
– impedimento de revisão pela Suprema Corte de legislações aprovadas no parlamento como leis básicas;
– rejeição de propostas do Supremo pelo parlamento por maioria simples 61 um votos entre 120 deputados;
– ampliação dos representantes do governo no Comitê de Seleção Judicial (JSC), responsável por indicações de juízes de membros da Suprema Corte, como forma de controlar as nomeações;
– transformar a nomeação de assessores jurídicos de ministérios, responsáveis por pareceres jurídicos obrigatórios ao governo, em nomeações de confiança de escolha dos ministros, assim como colocar fim à obrigatoriedade de pareceres.
*Com informações BBC e AFP
**Nota do Portal Desacato: A democracia israelense é uma falsa democracia porque é só para judeus. Os palestinos vivem sob mais de 50 leis discriminatórias.
—