Greve dos petroleiros está suspensa após assembleias e abertura de negociação

Categoria decidiu interromper movimento, após 20 dias, à espera de reunião no TST. Em São Paulo, manifestantes fizeram ato de apoio

Guilherme Gandolfi @guifrodu. /Levante Popular da Juventude.

São Paulo – Assembleias nas bases decidiram na quinta-feira (20) suspender a greve dos petroleiros em todo o país, no que seria o 20º dia de paralisação. O movimento foi iniciado após anúncio de demissões em massa na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) – também entrou na pauta o sucateamento da instituição. As negociações avançaram após o crescimento da paralisação pelo país e interferência de parlamentares, que procuraram a Justiça do trabalho.

O movimento não não se intimidou com decisões monocráticas do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Supremo Tribunal Federal (STF) – consideradas abusivas por violar o direito de greve e configurar prática antissindical. A empresa foi, entretanto, orientada por decisão do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná a suspender as demissões na Fafen e restabelecer o diálogo com os petroleiros. Foi o caminho para o fim do movimento. Uma rodada de negociações está prevista para esta sexta (21), em Brasília, com mediação do próprio TST.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), formada por 13 sindicatos filiados, orientou pela suspensão da greve até segunda ordem, com objetivo de apontar para um gesto de construção do diálogo. Os dirigentes da FUP Deyvid Bacelar, Ademir Jacinto (Mãozinha), Tadeu Porto e Cibele Vieira – que ocupavam um ambiente no edifício-sede da Petrobras no Rio de Janeiro – deixaram o local. Emocionada, Cibele disse que considera o movimento vitorioso. “Ficamos 20 dias na sede da empresa. Eles sabem que hoje o controle está mais com a gente do que com eles.” Os ativistas, que chegaram a ficar sem energia, água e alimentos, foram recebidos com festa no centro da capital fluminense.

“Ficou bem clara a denúncia. Essa gestão e esse governo Bolsonaro tentam colocar que tudo se resolve por eles. Querem propor acordos individuais, tentam esvaziar o sentimento de coletividade. A essência do movimento sindical é a coletividade, a empatia e a solidariedade. Isso eles não têm e não respeitam. Não entendem”, completou Cibele.

A tarde chuvosa em São Paulo foi palco para uma manifestação de movimentos da sociedade civil e ativistas em apoio à greve dos petroleiros. “Viemos apoiar petroleiros do Brasil! Viva os petroleiros e petroleiras! Viva o povo que faz a defesa da Petrobrás! Fora Bolsonaro e fora Doria”, cantaram os presentes, em ato convocado pela Frente Povo sem Medo e Frente Brasil Popular.

A concentração do ato começou por volta das 16h30 no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, região central da capital. Era grande a presença de ativistas do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e da Central de Movimentos Populares (CMP), que puxaram gritos de apoio aos trabalhadores da Petrobras.

“Estamos na rua por causa da covardia da Petrobras, da demissão de mais de mil pessoas mais os desmandos que vem afetando toda a classe petroleira. A Fafen é uma fábrica de fertilizantes da cidade de Araucária, no Paraná, onde se produz ureia, amônia e derivados. É a última unidade em operação. Vamos ficar 100% reféns de fertilizantes importados. Vamos trabalhar para reverter essa situação”, explicou o petroleiro Almir, que trabalha na Fafen.

Já Fafá, que trabalha na empresa no estado do Rio Grande do Norte, comentou os avanços nas negociações. “Vinte dias de greve produziram a suspensão das demissões. Vamos dar continuidade amanhã à vitoriosa luta dos petroleiros em reunião em Brasília”, disse.

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