Greve de entregadores/as por aplicativos em Florianópolis, SC
Trabalhadores/as entregadores/as por aplicativo em greve realizam ato em Florianópolis, SC. Segundo um dos profissionais um dia de paralisação é para mostrar para os patrões que os/as trabalhadores que fazem entrega fazem diferença. "Não temos respeito e nem visibilidade, direitos, queremos auxílio melhor. O dinheiro que ganhamos, muitas vezes, não dá nem pra alimentação".
Redação, com entrevista de Rosangela Bion de Assis.
O dia de hoje foi de paralisação nacional dos/as entregadores/as por aplicativo. Em todo o Brasil diversos atos trazem à tona a situação de trabalho que se tornou ainda mais precária durante a pandemia. Em Florianópolis, SC os/as trabalhadores/as realizaram um apitaço em frente ao Shopping Beira Mar centro. Desde o início da pandemia a demanda de pedidos tem aumentado, o que aumentou, também, a carga de trabalho dos/as entregadores/as. No entanto eles destacam que o valor recebido pelo trabalho vem diminuindo.
“O valor mínimo que gente recebe para fazer uma entrega de, às vezes, 10km, é muito pouco, não paga o que a gente gasta no conjunto de pneu, óleo, gasolina e todo o resto da moto, não gastamos só com gasolina. O aplicativo não entende o entregador, o restaurante pode reclamar do entregador se ele demora, se tem falta de respeito. O cliente pode reclamar do entregador. Mas o entregador não tem como reclamar, não tem um suporte direito. Quando mandamos mensagem pra reclamar de um cliente ou do restaurante a mensagem automática diz “você pode ser atendimento dentro de um dia”, às vezes demora mais ou nem responde. (…) O cliente dá estrela negativa no aplicativo. Se a gente reclama pode ser bloqueado no aplicativo sem ser ouvido”, destaca um dos trabalhadores.
Segundo o relato do jovem, com o aumento da demanda aumenta também o risco de vida tanto no trânsito quanto em relação à exposição a Covid-19. Apesar disso, não recebem nenhum tipo de auxílio das empresas. “Quem sofre acidente não recebe nada do aplicativo, ficamos em casa sem receber, às vezes um ou dois meses em casa sem ajuda nenhuma, não tem auxílio acidente ou doença. Estamos parados um dia e já sofremos com isso, já perdemos um pouco do nosso pão de cada dia, imagina quem fica um mês parado sem receber nada”, destaca.
Além da ausência de auxílio não existe garantia de fornecimento de equipamento de segurança e proteção, como jaquetas e capacetes, nem da mochila utilizada para a entrega, um custo que fica sob responsabilidade dos/as trabalhadores. Ainda de acordo com o relato do trabalhador muitas pessoas que foram demitidas após a pandemia iniciaram o trabalho de entrega por aplicativos e já sentiram os impactos da falta de direitos. “Às vezes o cliente e o restaurante nos trata como animal. Ficamos debaixo de sol, chuva, com areia no olho. Muitos andam acima da velocidade pra poder chegar a tempo no cliente, e o cliente reclama. Ou o cliente demora pra descer do apartamento, temos que ficar esperando na chuva, a gente não pode reclamar no suporte. Às vezes tem que subir o apartamento todo molhado porque o cliente pede e o porteiro do prédio reclama com a gente que vamos molhar o prédio, às vezes nos tira à força”, comenta.
Segundo ele um dia de paralisação é para mostrar para os patrões que os/as trabalhadores que fazem entrega fazem diferença. “Não temos respeito e nem visibilidade, direitos, queremos auxílio melhor. O dinheiro que ganhamos, muitas vezes, não dá nem pra alimentação, uma média de menos de 75 centavos por km, não cobre o custo da moto, não recebemos insalubridade”.
Com a pandemia muitas pessoas passaram a usar o serviço de entrega com a pandemia, os/as trabalhadores/as que fazer entrega estão garantido o conforto e a segurança de muitas pessoas, porém o trabalho não tem sido reconhecido.
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