Por Yuri Ferreira.
Um levantamento do jornal The New York Times apurou que autoridades da Grécia deixaram mais de 1072 imigrantes e refugiados em alto mar desde o ano passado. Desde 2014, o aumento do número de refugiados tentando entrar na Europa aumenta gradativamente, levando a crises humanitárias de diversos graus.
Os repórteres do jornal dos Estados Unidos analisaram mais de 30 registros fotográficos, além de documentos da guarda costeira da Turquia – com quem o governo grego tem problemas históricos, que se intensificaram nos últimos anos -, estudos promovidos por acadêmicos e organizações que vigiam a situação de imigrantes ao redor do mundo.
Caso se confirme que as autoridades gregas cometeram o ato – em forma reincidente -, trata-se de uma violação aos direitos humanos que complicaria a situação da Grécia na ONU e, em especial, na União Europeia. “Essas deportações são totalmente ilegais em todos os seus aspectos, seja na lei internacional ou nas leis da União Europeia”, afirmou ao Times François Crépeau, ex-observador de questões migratórias e direitos humanos nas Nações Unidas e professor de direito na Universidade McGill.
Jogados num bote no meio do Mar Egeu
Uma das refugiadas que foi expulsa pelo governo grego era Najma al-Khatib. A professora de 50 anos foi pega por autoridades gregas junto de outras 22 pessoas nas proximidades da ilha de Rodes, que fica a 18 quilômetros da costa turca.“Eu deixei a Síria por medo dos bombardeios – mas quando isso aconteceu, eu preferi ter morrido numa explosão”, contou ao Times.
Ela relatou que durante a chegada à ilha de Rodes, durante a madrugada, foi apanhada por policiais gregos mascarados, que a jogaram em um bote com um colete salva-vidas completamente à deriva no Mar Egeu.
As autoridades gregas negam que tenham violado qualquer tipo de lei internacional, convenção ou protocolo, incluindo as questões migratórias. Segundo o porta-voz do governo, Stelios Petsas, as autoridades gregas não participam de atividades clandestinas.
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