Gravíssimo: “Se chegar mais 10 pacientes, não temos o que fazer”, diz médico sobre hospital em São Miguel do Oeste

Diretor clínico, Cassio de Nakano.

Por Claudia Weinman para Desacato. info.

Nós tivemos 231 pacientes que ficaram em UTI e destes, 138 pacientes foram a óbito, quase 60% de moralidade“. Essa foi a fala do diretor geral do Hospital Regional Terezinha Gaio Basso –  Instituto Santé, Rodrigo Lopes, de São Miguel do Oeste, durante coletiva de imprensa online, na manhã desta terça-feira. Um dos objetivos da coletiva além de trazer os dados sobre a situação gravíssima que vive também o interior do estado, foi o anúncio da capacidade máxima de atenção.

Estavam presentes repassando as informações além do diretor geral, Rodrigo Lopes, a diretora técnica, Katia Bugs, o diretor clínico, Cassio de Nakano e a médica infectologista, Priscila Bratkowski.

Segundo Lopes, no primeiro ano de pandemia o hospital contou com 18 leitos de UTI para pacientes covid. Nos últimos dias aconteceram readequações e o número chegou a 25 leitos, no entanto, todos os leitos seguem ocupados bem como, os leitos de UTI geral também estão ocupados. Ele destacou que 21 pacientes aguardam transferência para leito na UTI, destes, 17 encontram-se no pronto socorro (destes, 10 estão entubados) e quatro na enfermaria.

Lopes destacou ainda que no ano de 2020 o hospital registrou 80 óbitos por covid-19, em 2021 já são 60, 30 óbitos só no mês de fevereiro. “Ontem emitimos um comunicado que atingimos a capacidade máxima de atenção. Ontem não tinha mais onde colocar paciente, tecnicamente não temos condições, não temos equipamentos, espaço físico esgotado e temos pacientes aguardando. Tivemos 11 transferências para outros estados, os outros hospitais também vivem situação assim. Não temos mais como absorver pacientes, seja ele um paciente infartado ou vítima de acidente de trânsito, não temos onde botar. Essa é a situação atual do hospital regional”.

O diretor enfatizou ainda que cinco pacientes acabaram falecendo aguardando transferência para leito de UTI. Explicou que estes receberam assistência médica, com UTI improvisada no pronto socorro, mas acabaram não resistindo.

Mudança no perfil de pacientes

Durante a coletiva. foi informado que todos os pacientes que aguardam leito de UTI e que estão sendo atendidos no Pronto Socorro do Hospital Regional Terezinha Gaio Basso, possuem indicação de intubação.

A médica infectologista, Priscila Bratkowski, ressaltou que no início da pandemia, a faixa etária de pessoas que chegavam apresentando sintomas de covid-19 e eram internadas por isso, tinham em média 75 anos e apresentavam problemas de saúde, obesidade e comorbidades diversas. “Hoje em dia a maior parte tem abaixo de 75 anos, 50, 55 anos de idade, alguns deles possuem problemas de saúde, mas nem todos. Pacientes atletas que estão com comprometimento pulmonar extenso e probabilidade de ir a óbito”.

O diretor clínico, Cassio de Nakano, ressaltou ainda que 80% dos pacientes são da região. No grande Oeste são mais de 140 pacientes aguardando leito de UTI. Além disso, ele destacou que dos 25, 35 doentes, mais da metade tem menos de 60 anos. “Não existe comorbidade como fator de risco. Os doentes que estão entrando na UTI, 60% vão morrer. As pessoas precisam parar de ir em festinhas particulares, tomar chimarrão compartilhado. Regional tá esgotado. Daqui a pouco a gente não vai ter o que fazer. Se chegar mais 10 doentes no pronto socorro, não tem o que fazer”, finalizou.

 

 

 

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