Grampos reafirmam ‘proximidade’ de Bolsonaro com a milícia, diz especialista

Para antropóloga Jaqueline Muniz (UFF), apesar da intimidade entre cúmplices de chefe miliciano e o presidente, grampos contribuem pouco para as investigações da morte de Marielle e do escândalo das rachadinhas

Foto: Isac Nóbrega

Para a cientista política, antropóloga e especialista em Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz, os diálogos telefônicos entre pessoas ligadas ao grupo do miliciano e ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, divulgados no último sábado pelo The Intercept Brasil, reafirmam a “proximidade” e a “familiaridade” entre o grupo criminoso e o presidente Jair Bolsonaro. Nas conversas grampeadas, os cúmplices de Adriano, após sua morte, fizeram contato com “Jair”, “HNI (PRESIDENTE)” e “cara da casa de vidro”.

Da mesma forma, Jaqueline lembrou que o próprio presidente revelou, em reunião ministerial divulgada no ano passado, que conta com um sistema particular de informações. Esse sistema seria composto por “amigos policiais”. Trata-se de mais um indício, de acordo com a especialista, da proximidade de Bolsonaro com grupos milicianos.

Investigações

Para Jaqueline, o relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro, onde constam os grampos, é “inconcluso”. O vazamento faz parte de uma disputa entre os policiais e o Ministério Público pelos rumos da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco. Os investigadores suspeitam que o caso tem ligação com o Escritório do Crime.

Por outro lado, sem um trabalho de investigativo mais aprofundado, baseado apenas em grampos telefônicos, o relatório parece mais uma “central de fofoca”, segundo ela.

Além da morte de Marielle, as investigações do grupo de Adriano também poderiam contribuir para o esclarecimento do escândalo das rachadinhas. No esquema, familiares de Adriano foram contratados como funcionários-fantasma do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

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