O ataque às forças curdas do Partido Curdo da União Democrática (PYD) por parte do exército turco ocorreu na província de Alepo. A investida contra o regime foi num posto militar na região de Hatay, no Sul. O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, já confirmou o bombardeio contra as forças curdas.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos do Homem, citado pelo Diário de Notícias, as zonas controladas pelos curdos e bombardeadas pelo exército turco eram áreas sob controlo do Estado Islâmico que tinham sido recuperadas pelas Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG). Os bombardeios centraram-se, especificadamente, na base aérea de Menagh, que tinha sido reconquistada na quarta-feira pelas YPG a grupos de rebeldes islamistas.
As forças curdas estão neste momento a conquistar cada vez mais território junto à fronteira com a Turquia. Por outro lado, o regime sírio ameaça recuperar as zonas mais a ocidente das mãos de outros grupos rebeldes. Estes dois factos são preocupantes para a Turquia, e podem ser a razão que justificou os ataques.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry está em Munique, na Alemanha numa conferência sobre segurança, poucos dias depois de os Estados Unidos e da Rússia terem chegado a acordo sobre um cessar fogo temporário na Síria. Este intervalo permitirá, teoricamente, que a ajuda humanitária chegue às cidades sírias que estão cercadas. Kerry pediu à Turquia que cessasse os seus bombardeios na Síria, na totalidade.
A Rússia é aliada do regime de Bashar al Assad e os seus bombardeios têm ajudado aos avanços da milícia curda no norte do país. A Turquia e a Arábia Saudita anunciaram ontem que planeiam uma invasão terrestre da Síria para, por um lado, combater as brigadas curdas e, por outro lado, depor Bashar al Assad.
Os Estados Unidos apoiam o Exército Livre da Síria, que foi o primeiro grupo armado da oposição, formado inicialmente por desertores das forças de Bashar al Assad. Hoje, o Exército Livre da Síria é composto por grupos diferentes consoante a zona do país, incluindo desde grupos descritos como moderados até outros que são islamistas, descreve o jornal Público. De tal forma, que as YPG já combateram ao lado do Exército Livre da Síria contra o Estado Islâmico, mas também já combateram contra este.
A realidade é tão confusa que o analista anglo-americano Charles Lister a descreveu no seu twitter, citado pelo jornal Público, da seguinte forma: “A Turquia (um membro da NATO) está a bombardear as YPG (apoiadas pelos EUA e pela Rússia) por atacarem o Exército Livre da Síria (apoiado pelos EUA, pela Turquia e pelos sauditas)”.
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Fonte: Esquerda.net.