O governo Bolsonaro estuda prorrogar o auxílio emergencial para trabalhadores informais e desempregados até dezembro, mas quer reduzir para algo entre R$ 250 e R$ 300. A informação foi dada nesta quinta-feira (20) pelo vice-líder do governo, senador Chico Rodrigues (DEM-RR). Rodrigues disse que o valor de R$ 300 para o auxílio emergencial foi definido pela equipe econômica do governo. “É um valor que vai continuar ajudando todos aqueles que estão passando por essa crise”, disse.
O auxílio emergencial foi inicialmente aprovado pelo Congresso Nacional para durar três meses. O governo queria R$ 200, mas a oposição conseguiu aprovar em R$ 600. O governo foi também autorizado a prorrogar o pagamento pelo menos até o final do ano, enquanto durar o Estado de Emergência decretado por conta da pandemia. Mas não foi autorizado a reduzir o valor. O benefício já foi prorrogado por mais dois meses, totalizando cinco parcelas, que terminam agora em agosto. A equipe econômica teria voltado a defender a fixação do valor em R$ 200. Assessores estariam pressionando para que fique em R$ 300. E já se fala, segundo o site Reconta Aí, em R$ 250.
Atualmente, o pagamento de R$ 600 tem um custo mensal de R$ 50 bilhões para os cofres públicos. Mas esse valor é considerado insustentável pelo governo. Dados do IBGE mostram que mais de 30 milhões de famílias receberam a penúltima parcela do benefício em julho. Isso equivale a 44% dos domicílios do país.
Segundo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) os detalhes serão apresentados na terça-feira (25) na cerimônia de lançamento do Pró-Brasil, programa de obras do governo para recuperação econômica após a pandemia. A alteração para um valor menos poderá ser enviada pelo governo por meio de medida provisória.
Novo programa de renda
Antes da aprovação, quando a matéria tramitava no Congresso, o governo Bolsonaro defendia o pagamento mensal de apenas R$ 200. Depois que o auxílio foi aprovado, o governo adotou o valor de R$ 600 no discurso para contabilizar para si os créditos políticos do programa. E agora fala em criar o programa Renda Brasil, ampliando o Bolsa Família para usar esse projeto eleitoralmente, com vistas à sua reeleição em 2022.
“Ainda me preocupa muito qual vai ser o desenho desse Renda Brasil, ou qualquer que seja o programa que será proposto”, afirma a professora de economia da USP Laura Carvalho em declaração ao portal G1. Ele lembra que Bolsonaro já falou mal dos programas de transferência de renda.
“Podemos estar em uma certa armadilha. O governo pode até mudar o Bolsa Família, dar um pouco a mais, remanejando recursos de programas já existentes, com pouco impacto no orçamento. E continuar com agenda de cortes de recursos. Isso não parece positivo, tem que ter cuidado ao analisar o que o governo está propondo”, afirma. Segundo Laura, o risco é o governo usar a renovação do programa apenas para fazer uma manobra eleitoral em benefício próprio.
Com informações da Agência Senado.