Governo queniano quer cortar acesso às redes socais na eleição

Por Carolina Marcheti

O Quênia é todo dividido em tribos que tem suas próprias línguas e costumes (embora todos falem inglês e kiswahili, as línguas oficiais). Na política, não é diferente, os partidos políticos são afiliados a tribos e embora o país tenha 42 grupos étnicos, apenas dois grupos governaram a nação desde a sua independência: os Kikuyo (grupo do atual presidente) e os Kalenjin.

O governo queniano quer barrar a liberdade de expressão online porque como há muitas tribos rivais, pode ocorrer na rede discursos de ódio, difamações e principalmente indivíduos querendo falar mal do governo atual que de acordo com a queniana estudante de direito Lucy Opoka, “fez diversas promessas que não cumpriu e ainda houve casos corrupção e escândalos”.

Lucy Opoka discorda com a ideia do governo de cortar as redes sociais

Opoka discorda das decisões do governo sobre o bloqueio das redes sociais, “Eu não acho que seja bom e não faz sentido, é uma tentativa de barrar a liberdade de expressão porque muitos quenianos são ativos nas redes sociais e na época das eleições o povo se manifesta mais sobre isso e intimida o governo”.

Diversas revoltas começam a partir das redes sociais. A primavera árabe, que ocorreu em países do norte africano e do oriente médio foi possível graças ao uso dessas redes. De acordo com o relatório da Dubai School of Government, nove em cada dez tunisianos e egípcios afirmaram ter usado o Facebook para organizar os protestos e aumentar a participação da população nas manifestações.

Lucy Opoka reitera esse medo de possíveis revoltas lembrando do que ocorreu nas eleições de 2007. Nesse ano, houve a suspeita a partir de grupos rivais ao vencedor de que a votação tivesse sido manipulada, com isso, começou um discurso violento por parte dos que perderam as eleições e que se transformou em violência étnica e houve diversos assassinatos tribais e violência em toda a nação, onde cerca de 1300 pessoas foram mortas e 300 mil se refugiaram em países vizinhos.

Por último, a estudante de direito que tem pais de diferentes tribos espera que não ocorram mais violências étnicas mas acredita que a utilização das mídias é essencial para um debate político e saudável.

Fonte: Portal Vermelho

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