Preocupado com a progressão do zika vírus e os casos de microcefalia, o governo de El Salvador aconselhou às mulheres do país que não engravidem nos próximos dois anos. A Colômbia fez um pedido semelhante, com o ministro da Saúde, Alejandro Gaviria, pedindo que as mulheres adiem a gravidez por seis a oito meses.
As recomendações dos países da América Latina vieram após o crescimento dos casos de bebês que nasciam com microcefalia no Brasil, associados à transmissão do vírus zika pelo mosquito Aedes aegypti. Na segunda-feira (25), a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que o vírus deve se espalhar por todos os países das Américas, com exceção do Chile e do Canadá.
Da Deutsche Welle
Não fique grávida nos próximos dois anos. Este é o conselho dado pelo governo de El Salvador às mulheres do país nesta terça-feira (26/01), enquanto o vírus zika, associado a casos de microcefalia, se espalha pela América Latina e pelo Caribe. O governo da Colômbia fez a mesma recomendação, mas por um período mais curto.
O ministro colombiano da Saúde, Alejandro Gaviria, pediu que as mulheres adiem a gravidez por um período de seis a oito meses. “Fazemos isso por que acreditamos ser uma boa maneira de comunicar os riscos, e dizer às pessoas que pode haver sérias consequências”, afirmou.
As recomendações dos Ministérios da Saúde dos dois países latino-americanos vieram após um surto de casos de bebês que nasceram com danos cerebrais graves no Brasil, associados à transmissão do vírus pelo mosquito Aedes aegypti. Nesta segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que o zika deve se alastrar por todos os países do continente , exceto Canadá e Chile.
Após o Brasil, a Colômbia é o segundo país mais afetado pelo surto, com 560 casos da doença em mulheres grávidas. Em El Salvador, foram registrados 96 casos de contaminação pelo vírus zika durante a gravidez até o momento.
O alerta dos dois governos gerou controvérsia, com críticos afirmando que as mulheres colombianas e salvadorenhas têm pouco acesso a métodos contraceptivos ou a cirurgias de aborto nesses países, além do elevado risco de estupro na região.
“É incrivelmente ingênuo que um governo peça às mulheres para adiar a gravidez num contexto como o da Colômbia, onde mais de 50% das gestações não são planejadas e numa região onde prevalece a violência sexual”, afirmou Monica Roa, vice-presidente do grupo de defesa dos direitos da mulher Women’s Link Worldwide.
Segundo a ativista, contraceptivos são fornecidos gratuitamente na Colômbia, mas as mulheres têm pouco acesso a eles, principalmente as que vivem no interior do país.
El Salvador, por sua vez, tem um dos índices mais altos de gravidez entre adolescentes na América Latina. Um terço das gestações no país ocorre em meninas entre 13 e 19 anos de idade. Segundo organizações de defesa dos direitos das mulheres, o motivo principal seriam estupros cometidos por familiares e membros de gangues.
“Em El Salvador, a recomendação para adiar a gravidez é ainda mais ridícula frente às rígidas leis contra o aborto e aos altos índices de violência sexual contra meninas e mulheres”, afirmou Roa.
Equador, Jamaica e Brasil
Outros países também emitiram um alerta semelhante. O Equador aconselhou as mulheres em áreas “de risco” a adiar a gravidez indefinidamente. A Jamaica, onde ainda não foi registrado nenhum caso de contaminação, pediu que as mulheres não engravidem durante os próximos seis a 12 meses.
No Brasil, médicos também vêm desaconselhando a gravidez devido ao zika desde o fim do ano passado. Em novembro, o diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, aconselhou as habitantes de Pernambuco a não engravidarem até que houvesse clareza entre a ligação do vírus à microcefalia. Trata-se do estado brasileiro com o maior número de casos suspeitos da malformação ligada ao zika, 1.306. No total, já são mais de 3,8 mil suspeitas no país, e 230 casos em que a correlação foi confirmada.
Fonte: Jornal da GGN