Como resposta a onda de queimadas que atingiu um aumento de 83%, em comparação ao mesmo período do ano passado, ameaçando áreas protegidas e o desmatamento na Amazônia brasileira, o Ministério do Meio Ambiente decidiu criar uma força-tarefa Pró-Amazônia. Mas entre os integrantes, incluirá empresas, madeireiras e mineradoras.
De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o objetivo é “olhar a questão do desmatamento da Amazônia como um todo, em todas as frentes, e transformar em realidade a historia de que floresta em pé vale mais do que floresta deitada”.
Entretanto as reuniões quinzenais são encontros do Ministério da Defesa, da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Policia Federal, do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria), da Secretaria de Patrimônio da União e também da Agência Nacional de Mineração e de empresas e associações com interesses econômicos, como as mineradoras e as madeiras.
O próprio ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, já é nome controverso por ser alvo de uma investigação sobre enriquecimento ilícito. A polêmica se torna ainda maior após Jair Bolsonaro ter demitido o diretor do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), pela divulgação dos dados sobre o desmatamento, e o presidente e Salles criticarem o Fundo Amazônia.
Os recursos do Fundo são destinados a ações de combate a incêndios na região amazônica e auxiliam o Ibama. Bolsonaro criticou os dois únicos doadores do Fundo, a Alemanha e a Noruega. Mas foram estes recursos que permitiram a aquilão de seis caminhões especiais do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e outros materiais necessários.
De acordo com dados obtidos pelo Estadão, foram estes recursos de origem dos países europeus que também permitiram a obtenção de picapes adaptadas, chegaram a pagar as roupas usadas por cerca de 1,3 mil brigadistas contratados pelo Ibama, e financiaram parte da construção do novo prédio, dentro do Ibama, em Brasilia, para promover as ações de Inteligência de combate a incêndios do governo federal.
E apesar das críticas de Bolsonaro, é função do governo federal, por meio do Ibama, atuar no combate de incêndios em áreas de terras indígenas, territórios quilombolas e assentamentos do Incra, que compõe boa parte da Amazônia brasileira, e as unidades de conservação são de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). O Fundo Amazônia, por outro lado, foi quem financiou as ações de combate ao fogo, por meio de um contrato de R$ 14,717 milhões junto ao Prevfogo.