Por Julinho Bittencourt.
A Secom (Secretaria de Comunicação) do governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) publicou neste sábado (26) afirmação falsa de que a área queimada no país é a menor dos últimos 18 anos.
“Mesmo com os focos de incêndio que acometem o Pantanal e outros biomas brasileiros, a área queimada em todo o território nacional é a menor dos últimos 18 anos. Dados do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] revelam que 2007 foi o ano em que o Brasil mais sofreu com as queimadas”, publicou a Secom.
Mesmo com os focos de incêndio que acometem o Pantanal e outros biomas brasileiros, a área queimada em todo o território nacional é a menor dos últimos 18 anos. Dados do @inpe_mct revelam que 2007 foi o ano em que o Brasil mais sofreu com as queimadas. pic.twitter.com/3CMD2YZdA4
— SecomVc (@secomvc) September 26, 2020
A Secom (Secretaria de Comunicação) comparou dados de oito meses deste ano com dados fechados de 12 meses dos anos anteriores.
A postagem do órgão foi reproduzida por autoridades como os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e das Comunicações, Fábio Faria, e pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho de Jair Bolsonaro (sem partido).
O coordenador do programa de queimadas do Inpe, Alberto Setzer, considera grave uma interpretação parcial dos dados.
“Essa é uma falha muito óbvia, muito clara, na interpretação dos nossos dados. Não é correto você comparar o período de 8 meses, que é o que consta no nosso site na internet com os dados de outros anos relativos a 12 meses, levando em consideração que setembro, e mesmo outubro, são meses de muita incidência de fogo na região. Ou seja, a maior parte das queimadas ocorre nessa fase, como nós estamos acompanhando, e eliminar esses dados dos cálculos, não sei, é muito estranho, pra não usar uma palavra mais ofensiva.
A Secom informa que, de janeiro a agosto de 2020, houve registro de 121.318 km² em todo o Brasil. No entanto, para 2019, o órgão usa como dado os 318.389 km² que queimaram durante todos os 12 meses do ano passado.
Ainda que utilizasse o mesmo período de tempo para 2020, de janeiro a agosto, a área queimada seria maior em 2019, primeiro ano da gestão de Bolsonaro, 131.327 km².
Porém, fazendo a comparação entre os mesmos períodos de 2003 a 2020, o governo teria que informar que 2020 teve mais área queimada que os anos de 2008, 2009, 2011, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2018.