O Ministério da Saúde apresentou na quarta (14) um calendário de vacinação contra coronavírus preocupante. De acordo com o Painel da Folha de S. Paulo, quem saiu da reunião sentiu que o governo Bolsonaro está ignorando propositalmente a vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac e testada no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.
O calendário do Ministério conta apenas com a vacina de Oxford, que assim como a Coronavac, é uma das mais adiantadas no mundo. Desenvolvida pela Astrazeneca, o imunizante de Oxford é testado no Brasil pela Friocruz e recebeu incentivos fiscais do Ministério da Saúde.
Na semana passada, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, se reuniu com representantes do Ministério para falar sobre a vacina chinesa, e saiu sem a confirmação de que o governo federal irá comprar doses do imunizante e organizar sua distribuição pelo SUS.
Para o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, “as vacinas não estão sendo tratadas de forma republicana”. “Todos os presentes na reunião entenderam da mesma forma. A vacina de São Paulo está sendo ignorada”, completou.
O calendário divulgado pelo Ministério aos secretários prevê 100 milhões de doses da vacina de Oxford no primeiro semestre de 2021, e mais 100 a 165 milhões no segundo semestre.
Painel ainda destacou que “não faz sentido o governo apresentar um cronograma sem considerar a vacina de São Paulo, já que as duas estão no mesmo momento”, ou seja, mesmo estágio de testes clínicos.
À jornalista Mônica Bergamo, Dimas Covas disse que se o governo Bolsonaro continuar ignorando a vacina chinesa, os estados serão obrigados a formar um “pool” e cuidar sozinhos da campanha de vacinação. Para ele, seria o início do “fim do SUS”, que cuida dessa tarefa.